«As autoridades norte-americanas localizaram em Portugal o cidadão George Wright, procurado há 41 anos, depois de uma chamada telefónica deste para familiares nos EUA.
- George Wright, quando foi detido nos anos 70 -
Esta versão - revelada à agência Lusa por fonte ligada ao processo -
contraria as primeiras informações que indicavam que George Wright ou José Luís
Jorge dos Santos, nome que consta no Bilhete de Identidade, teria sido capturado
pela Polícia Judiciária através de uma impressão digital do cartão de cidadão.
A fonte disse à Lusa que as autoridades dos EUA já sabiam há algum tempo da
localização do cidadão de origem norte-americana com nacionalidade portuguesa,
que segunda-feira foi detido em Colares, Sintra.
No dia seguinte foi presente ao tribunal da Relação, onde reconheceu os
factos constantes no processo de extradição e opôs-se a cumprir a restante pena
de cadeia nos Estados Unidos.
A mesma fonte adiantou que George Wright alegou que, caso fosse extraditado
para cumprir a restante pena por homicídio, corria perigo de vida devido à sua
ligação passada com o Exército de Libertação dos Negros.
George Wright nasceu nos Estados Unidos a 29 de Março de 1943, mas depois de
ter sido condenado pelo homicídio de um veterano da II Guerra Mundial a uma pena
de 15 a 30 anos de cadeia, fugiu da prisão.
Posteriormente, e depois de ter desviado um avião para a Argélia e pedido um
resgate de um milhão de dólares, juntamente com outros elementos do Exército de
Libertação dos Negro, pede à Guiné Bissau asilo político, que lhe é concedido
nos anos 1980 e assume uma nova identidade. Passa a chamar-se José Luís Jorge
dos Santos.
Após vários anos a viajar entre a Guiné e Portugal, Jorge dos Santos, como
era conhecido, apaixona-se por uma portuguesa e casa-se pelo registo civil em
1990 e por via do casamento obtém a nacionalidade portuguesa.
A mesma fonte garantiu à Lusa que José Luís Jorge dos Santos é um cidadão
português de pleno direito e tem toda a documentação legal: bilhete de
identidade, carta de condução, cartão de contribuinte, cartão de utente e cartão
de eleitor.
Tais factos podem levar a que o cidadão possa requerer o cumprimento do resto
da pena em Portugal, porque entretanto adquiriu a nacionalidade portuguesa e o
Tribunal da Relação de Lisboa pode entender que vigora o princípio de não
extradição de cidadãos nacionais.
George Wright, 68 anos, condenado por homicídio e procurado há 41 anos pelas
autoridades dos EUA, foi detido na segunda-feira em Sintra pela PJ em
cumprimento de um mandado de detenção internacional e encontra-se em prisão
preventiva.
Vivia há cerca de 20 anos em Portugal com o nome de José Luís Jorge dos
Santos, é casado com uma portuguesa e tem dois filhos de 24 e 26 anos.
George Wright foi condenado em 1962 a uma pena entre 15 e 30 anos por
homicídio e fugiu da cadeia de Bayside, em Leesburg (Nova Jérsia), em 1970.
Dois anos mais tarde participou com vários cúmplices no desvio de um avião de
uma companhia aérea norte-americana para a Argélia. Antes de se fixar em
Portugal viveu ainda na Guiné-Bissau onde obteve asilo político.
George Wright vai opor-se à extradição, apesar de reconhecer a veracidade dos
factos constantes do mandado, que será apreciado pela Relação de Lisboa.
A Relação de Lisboa rejeitou o pedido da defesa para que aguardasse o
processo de extradição em liberdade provisória, correndo um prazo de oito dias
para que sejam apresentados os fundamentos da oposição à extradição para os EUA,
onde lhe falta cumprir, pelo menos, uma pena de 23 anos de prisão após uma fuga
da cadeia em 1962, antes de desviar um avião.
Segundo o FBI, Wright integrou o Exército de Libertação dos Negros que, em
1972, sequestrou um avião da Delta Arlines que voava de Detroit para Miami,
desviando o aparelho até Boston e depois para a Argélia, onde pediram asilo.
Wright, que está também acusado de homicídio, em 1962, de um proprietário de
uma bomba de gasolina em Wall, Nova Jérsia, foi o único dos sequestradores que
logrou fugir até ser capturado na segunda-feira pelas autoridades portugueses,
no concelho de Sintra.
George Wright, conhecido pelos vizinhos em Colares (Sintra) como Jorge
Santos, está preso preventivamente no Estabelecimento Prisional da PJ, em
Lisboa.»
in JN online, 28-9-2011