«Vale e Azevedo deu entrada, às 19.45 horas desta segunda-feira, no
Estabelecimento Prisional de Lisboa. O ex-presidente do Benfica entregou-se às
autoridades londrinas no domingo.
- Vale a Azevedo à chegada ao Estabelecimento Prisional de Lisboa -
Vale e Azevedo chegou ao aeroporto de Lisboa pelas 19.30, tendo sido
transportado de automóvel para o Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL).
Fonte policial disse à Lusa que Vale e Azevedo foi escoltado no voo entre
Londres e Lisboa por dois elementos da Polícia Judiciária, que o entregaram no
EPL.
Num comunicado enviado à agência Lusa, a advogada que representa Vale e
Azevedo, indica que o ex-presidente do Benfica regressa a Portugal "para cumprir
a formalidade de liquidação da pena de acordo com o pretendido pela Justiça
Portuguesa".
"O processo do dr. João Vale e Azevedo iniciou-se há quase 12 anos com a sua
prisão em Portugal, no dia 16 de Fevereiro de 2001. Chegou a hora de lhe dar o
direito à reinserção e a refazer em paz a sua vida juntamente com a sua
família", adianta.
Luísa Cruz nega que Vale e Azevedo tenha sido detido pela polícia inglesa no
fim de semana, em Londres, e lembrou que o presidente do Benfica entre 1997 a
2000 se encontra desde a detenção, a 8 de julho de 2008, sujeito "a medida de
coação de permanência na habitação, obrigatoriedade de permanecer e dormir todos
os dias e todas as noites na morada indicada nos termos e de acordo com o
autorizado pelo tribunal".
Refere ainda a advogada que "a atual situação de privação de liberdade do dr.
João Vale e Azevedo é ilegal, porque excede em muito o tempo máximo de
cumprimento da pena previsto na lei", acrescentando que o advogado de profissão
(suspenso pela Ordem dos Advogados por um período de 10 anos) já cumpriu cinco
sextos da pena.
Vale e Azevedo recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), com um
pedido de "habeas corpus" (libertação imediata), que foi rejeitado pela a 3.ª
Secção na semana passada.
Este foi o segundo pedido de "habeas corpus" de João Vale e Azevedo, depois
de, em finais de outubro, o vice-presidente do STJ ter decidido arquivar o
primeiro, datado de dia 16 do mesmo mês.
Alegou a advogada de Vale e Azevedo, Luísa Cruz, que o presidente do Benfica
cumpriu a 29 de dezembro de 2011 cinco sextos do cúmulo jurídico de 11 anos e
meio fixado pela 4.ª Vara do Tribunal Criminal de Lisboa.
Vale e Azevedo encontrava-se em Londres, com as medidas de coação de
permanência na residência na capital inglesa, com passaporte retido e
impossibilidade de se ausentar para fora do Reino Unido.
Presidente do Benfica de 3 de novembro de 1997 a 31 de outubro de 2000, Vale
e Azevedo aguardava a decisão da Justiça britânica sobre pedido de extradição
para Portugal, baseado num mandado de detenção europeu emitido pela 4.ª Vara,
depois de fixado o cúmulo jurídico, na sequência de uma sucessão de recursos
para o STJ e para o Tribunal Constitucional.
O cúmulo jurídico foi estabelecido a 25 de maio de 2009 no âmbito dos
processos Ovchinnikov/Euroárea (seis anos de prisão em cúmulo), Dantas da Cunha
(sete anos e seis meses) e Ribafria (cinco anos).
A 11 de outubro, o High Court (tribunal de instância superior) confirmou a
decisão do Tribunal de Westminster de extradição, mas Vale e Azevedo anunciou
recurso.
Vale e Azevedo é atualmente arguido num processo em julgamento no Campus da
Justiça, em que é acusado de apropriação indevida de mais de quatro milhões de
euros do Benfica, branqueamento de capitais, abuso de confiança e falsificação
de documento.
O julgamento prossegue na terça-feira, com a audição de dois dirigentes do
Benfica na direção de Vale e Azevedo - José Capristano e António Sala.