«Um primeiro-sargento da GNR de Loulé é suspeito de ter ligações a uma rede de tráfico de cocaína que abastece a região do Algarve. Foi detido anteontem na posse de quase três mil doses de droga. Está desde ontem em prisão preventiva.
M. C. foi detido na sexta-feira por inspectores da Directoria do Sul da Polícia Judiciária (PJ). Estava a ser vigiado e foi seguido por se suspeitar que transportava droga no carro. Acabou por ser interceptado na Estrada Nacional 125, na zona da Maritenda, Boliqueime. As suspeitas confirmaram-se. Na viaturas foram encontradas 104 gramas de cocaína, uma quantidade suficiente para fabricar mais de 1200 doses.
Numa busca à casa do suspeito foram apreendidas mais 133 gramas, uma balança digital de precisão, canivetes, telemóveis e outros objectos relacionados com o tráfico de droga. Ao todo, a cocaína daria para produzir quase três mil doses.
Ao que o JN apurou, M. C. teria como função fornecer a droga a revendedores, que depois a vendiam a consumidores. Depois da detenção, pernoitou em instalações militares em S. Brás de Alportel e foi ouvido ontem em primeiro interrogatório judicial.
Por ser agente da autoridade (facto que aumenta a gravidade do crime) e devido ao perigo de fuga, o Ministério Público promoveu a prisão preventiva, confirmada pela juíza do Tribunal de Loulé. Foram os próprios colegas que o transportaram, com a cara tapada por peças de roupa, numa viatura da guarda até ao presídio militar de Tomar.
A investigação não terminou. Os inspectores tentam agora averiguar eventuais ligações do detido a uma rede de tráfico de droga a operar na região.
M. C. tem cerca de 40 anos de idade. Solteiro, sem filhos, é natural da zona de Beja e reside actualmente em Quarteira. Já foi agente da PSP e pertenceu à Guarda Fiscal. Quando esta foi extinta, ingressou na GNR. Passou pelo destacamento de Faro e estava há alguns meses colocado no posto de transmissões. Há fortes indícios de que utilizou meios da Guarda como suporte da actividade criminosa.
Embora seja visto como "um homem pacato e pouco operacional", os motivos da detenção surpreenderam quem trabalha (e trabalhou) de perto com M. C. "Sabe-se que foi corrido de todos os locais por onde passou por não ser um militar com grandes qualidades profissionais, mas de tráfico de droga nunca se falou", disseram vários colegas contactados pelo JN.
Segundo fonte do comando de Faro da GNR, o primeiro-sargento vai ser alvo de um processo disciplinar. Se as suspeitas da PJ se confirmarem, será expulso da Guarda.»
in JN online, 02-5-2010
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