«Duarte Lima queria que Rosalina Ribeiro assinasse uma declaração a dizer que não tinha qualquer dinheiro da herança de Tomé Feteira na sua posse. Estavam em causa 5,2 milhões depositados numa conta na Suíça, e o ex-deputado português pretendia camuflar essa quantia. As autoridades brasileiras dizem ter sido esse o motivo que levou o advogado a disparar sobre Rosalina e a abandonar o corpo num local ermo, a 7 de Dezembro de 2009, no Brasil.
- Duarte Lima jurou inocência quando o caso foi conhecido, mas recusou dar explicações ao Brasil -
A procuradora requereu a prisão imediata de Duarte Lima e fala em motivo "torpe". O Ministério Público brasileiro diz mesmo que o arguido, que chegou a ser líder parlamentar do PSD, é capaz de voltar a matar, desde "que se cruze com alguém que não satisfaça os seus interesses financeiros".
A acusação, ontem conhecida, é muito dura. A procuradora realça que Duarte Lima, que considera ser alguém "influente" em Portugal, pode destruir provas. Diz ainda que o ex-deputado revela ausência de sensibilidade e apresenta depravação moral, tendo aproveitado o facto de a vítima ter 74 anos e não apresentar qualquer hipótese de defesa.
A Procuradoria do Brasil, que enviou o processo para o juiz, diz ainda que não há qualquer outra medida, além da prisão preventiva, que obrigue Duarte Lima a ser julgado. A procuradora do caso, Gabriela Lima, sublinha ser notório o hábito de Duarte Lima viajar para vários países. "Diante deste quadro, fica claro que as medidas cautelares alternativas à prisão preventiva não são suficientes, adequadas e proporcionais à gravidade do facto praticado e à perigosidade do réu", acrescenta.
No mesmo documento, com apenas 11 páginas, e em que se descreve de forma sumária os factos praticados por Domingos Duarte Lima – e as principais provas recolhidas pelos investigadores –, as autoridades brasileiras procedem ainda à comunicação dos factos à Interpol, na forma de um "alerta vermelho".
Em nenhum momento as autoridades brasileiras fazem qualquer referência à extradição de Duarte Lima, o que poderá indiciar que irão proceder ao julgamento naquele país, à revelia. Nesse caso, se for condenado, Duarte Lima apenas cumprirá pena se for apanhado fora de Portugal.
DELEGADO DE SUCESSO LIDEROU INVESTIGAÇÃO
Felipe Renato Ettore, o delegado (inspector) do Rio de Janeiro que investigou a morte de Rosalina Ribeiro e levou à acusação de Duarte Lima, ingressou na polícia há 15 anos, como oficial de cartório. Passou a delegado a 17 de Novembro de 2008, e a sua ascensão na carreira foi meteórica.
Depois de fazer sucesso a chefiar esquadras de regiões muito violentas do Rio de Janeiro, consideradas de alto risco, Ettore comanda há dois anos, com apenas 38 anos, a Divisão de Homicídios.
Pelas suas mãos já passaram outros casos mediáticos, designadamente a investigação do o ex--guarda-redes do Flamengo Bruno, suspeito de matar a amante, cujo corpo nunca apareceu. Foi Filipe Ettore o primeiro a ouvir o jogador. Recentemente, dirigiu também a investigação ao assassinato da juíza brasileira Patrícia Acioli, executada com 21 tiros, e o mandante já foi preso.»
in CM online, 29-10-2011
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