sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Futuro de Isaltino Morais pode ser decidido hoje


«O futuro de Isaltino Morais deverá ficar hoje, mas talvez por muito pouco tempo, nas mãos da juíza de Oeiras que o mandou prender e depois soltar em Setembro. A prisão imediata do autarca ou a sua continuação em liberdade são ambas possíveis.

-Isaltino Morais -


Se nas próximas horas a magistrada emitir um novo mandado de captura, com base na decisão ontem divulgada pelo Tribunal Constitucional (TC) de rejeitar o último requerimento ali apresentado pelo arguido, é provável que Isaltino não tenha outro remédio senão cumprir a pena de dois anos de prisão a que foi condenado. Mas se, por prudência, a juíza optar por o manter em liberdade, pode acontecer - como espera a defesa e garantiu ao PÚBLICO uma fonte conhecedora do processo - que a prescrição de parte dos crimes pelos quais foi condenado ocorra até ao início da próxima semana. Nesse caso, a sentença que o condenou terá de ser substituída por uma outra, por estar em causa um menor número de crimes, a qual, por seu turno, poderá ser objecto de novos e sucessivos recursos.


Tudo depende do entendimento que o Tribunal de Oeiras tiver dos efeitos do trânsito em julgado declarado pelo TC na segunda-feira, e ontem tornado público, quanto ao seu acórdão que rejeitou a existência de inconstitucionalidades no processo, conforme defendia o arguido. Uma fonte da magistratura assegurou ao PÚBLICO que nada impede a juíza de mandar prender o autarca, mas acrescentou que "a prudência" poderá aconselhá-la a esperar pela decisão do Tribunal da Relação de Lisboa quanto ao recurso interposto pela defesa contra o despacho da magistrada que, em Setembro, decidiu não apreciar a alegada prescrição parcial do processo. O próprio advogado de Isaltino, Rui Elói Ferreira, admitiu ontem à agência Lusa que o tribunal pode mandar prender o arguido, embora defenda, tal como este fez em comunicado, que nenhuma decisão deverá ser tomada antes de esclarecida a questão da prescrição.


A dificuldade da decisão do Tribunal de Oeiras, que só ao fim da tarde de hoje deverá pronunciar-se depois de tomar conhecimento oficial da decisão do TC, poderá estar no facto de o processo ainda não estar prescrito, mas prescrever, como afirmam juristas conhecedores do caso, amanhã mesmo. Qualquer que seja a decisão da juíza, porém, tudo indica que novas batalhas jurídicas se avizinham em torno dos efeitos de uma eventual prescrição, já com o arguido preso ou não, e do momento em que o acórdão que o condenou for considerado como transitado em julgado.


Certo é que o recurso referente à prescrição ainda nem sequer entrou na Relação, conforme o PÚBLICO ontem confirmou, o mesmo sucedendo com o recurso do Ministério Público contra a decisão de libertar Isaltino em Setembro. Esses recursos estão ainda em Oeiras à espera que se esgotem os prazos de que o autarca dispõe para apresentar as suas alegações. A aguardar decisão da Relação encontra-se apenas o incidente relativo à recusa da juíza de Oeiras pelo arguido, o qual deverá ser decidido na próxima terça-feira.»

in Público online, 04-11-2011

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