«Um bancário reformado e licenciado em Direito matou a mulher, a filha e uma neta
à catanada, há já alguns dias, em Beja. Esta segunda-feira, quando viu a PSP
aproximar-se de casa, recebeu os polícias a tiro e barricou-se. Vai voltar à
prisão onde já cumpriu pena por furto.
Quando, pelas 19.40 horas, entrou na residência para deter o homicida,
Francisco Esperança, de 56 anos, a PSP encontrou um cenário macabro: três
mulheres degoladas com uma catana que, pelo estado dos corpos, terão sido mortas
desde o dia em que deixaram de ser vistas.
Desde quarta-feira que Benvinda, 50 anos, Cátia, 30 anos e Mariana, cinco anos, não eram vistas em Beja, nem davam sinal de vida. Francisco também não, pois refugiara-se num hotel em Lisboa. A mulher do homicida era proprietária da "Mini-Meia", uma loja de lingerie, em Beja, mas, nem a funcionária terá achado estranha a falta da patroa.
O mistério só no domingo começou a deslindar-se, depois de Pedro, namorado de Cátia, ter encontrado o pai desta num hotel de Lisboa, situado perto do Instituto Português de Oncologia, em Palhavã. Alertou a PSP, pois algo de estranho que se passaria com as mulheres da família Esperança.
A PSP ainda falou com Francisco, mas este garantiu que a família "estava bem
e em casa de outros familiares em Lisboa", não tendo notado no comportamento do
indivíduo algo de anormal.
Ontem, apercebendo-se de que este deixara o hotel, Vanessa, amiga de Pedro e sobrinha de Benvinda, alertou os familiares, o que levou a novo aviso à polícia.
Quando os agentes da Esquadra de Investigação Criminal da PSP de Beja chegaram ao n.º 15 da Rua de Moçambique, perto do Bairro Residencial da Força Aérea Portuguesa, ouviram disparos e perceberam que o homem estava dentro de casa.
Montado o cerco com a ajuda dos elementos da Esquadra de Intervenção Rápida, a PSP procurou recolher junto da vizinha informações que levassem a perceber o "cenário que se estaria a viver dentro da casa", disse ao JN o superintendente Viola da Silva, comandante da PSP da Beja.
Ao perceberem que podiam entrar na casa sem risco de mais vítimas, os polícias avançaram e forçaram Esperança a render-se sem oferecer resistência.
O caso foi entregue à Polícia Judiciária de Faro. A arma do crime (a catana) foi encontrada no quintal, ainda ensanguentada.
As razões do crime não estão ainda totalmente esclarecidas. Porém, o agressor anunciava problemas financeiros. Dizia-se falido mas tinha um Mercedes.
Francisco esteve preso até há 12 anos, depois de ter furtado dinheiro do Crédito Predial Português, onde trabalhava. Depois de condenado, andou durante cerca de cinco anos fugido à justiça, tendo repartido esconderijos entre a casa onde cometeu o triplo homicídio e uma casa em Cascais.
Por ser recluso bem comportado cumpriu apenas parte da pena. Mas ainda teve tempo para tirar curso de Direito.»
in JN online, 14-02-2012
Sem comentários:
Enviar um comentário