«O juiz britânico que, esta sexta-feira, decretou a extradição de João Vale e
Azevedo para Portugal considerou sem qualquer fundamento as insinuações de
motivação política da justiça portuguesa, qualificando o ex-presidente do
Benfica de "desonesto".
O magistrado referiu, na sentença, que durante o julgamento foram feitas
"acusações muito graves de vingança para silenciar um bastião de honrosa galante
virtude futebolística que enfrenta a corrupção geral".
Vale e Azevedo, numa das audiências, acusou os juízes portugueses de falta de independência e de terem tomado decisões tendenciosas a seu respeito por ser uma figura pública.
Porém, o juiz Purdy concluiu, a propósito do testemunho do ex-presidente do Benfica, que "não há suporte para qualquer argumento, antes pelo contrário", pois muitos dos casos que foram julgados em Portugal envolveram amigos de família e não assuntos ligados ao futebol.
Na sua opinião, a verdade é menos "simpática", ou seja, "um homem de ambição desonesta que abusou da sua posição profissional e eleita para o seu benefício e que foi chamado a prestar contas".
"Tendo-o visto testemunhar, considero que ele continua desonesto", afirmou o juiz, a propósito da forma como Azevedo "fabricou ataques ao caso português com aprumo descarado".
O juiz rejeitou também outros argumentos apresentados pela defesa, nomeadamente de que já teria passado demasiado tempo desde os casos iniciais ou que Vale e Azevedo teria direito a liberdade condicional, pelo que não deveria ser novamente preso.
Também não deu valor aos testemunho de dois juízes aposentados compulsivamente, José Costa Pimenta e Carlos Fraga, que apontavam para a disfunção dos tribunais portugueses no tratamento dos casos de Azevedo.
"Dois juízes afastados, com óbvias agendas pessoais, não podem ocultar os sinais esmagadores de exaustivos procedimentos legais", comentou.
Foi assim que o juiz do tribunal de Magistrados de Westminster sustentou a decisão de aprovar a extradição para Portugal de João Vale e Azevedo, o qual tem agora sete dias para recorrer para o Tribunal Superior [High Court], equivalente ao Supremo Tribunal em Portugal.»
in JN online, 16-3-2012
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