sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Comandante da esquadra da PSP dos Olivais suspeito de corrupção

«Escutas mostram ligação do subcomissário à máfia brasileira da noite. O Ministério Público mandou investigar o oficial da PSP.


O actual comandante da esquadra da PSP dos Olivais é suspeito de um crime de corrupção passiva para acto ilícito, na forma tentada, no processo da "máfia brasileira" da noite. Nesse mega inquérito, 25 arguidos estão acusados de crimes como associação criminosa, extorsão, sequestro ou homicídio qualificado.

O Ministério Público vai abrir um processo autónomo contra o oficial da PSP, o qual será extraído da investigação à "máfia brasileira" da noite, avançou ontem o jornal i. Segundo apurou o DN com fonte conhecedora do processo, o subcomissário V.S. estava no Núcleo de Segurança Privada do comando de Lisboa quando o seu nome surgiu em escutas telefónicas que mostram a sua ligação a um dos arguidos do processo, Carlos Pereira, dono da sociedade de segurança privada Olho Vivo, sediada em Setúbal.

O oficial da PSP tinha, na altura, funções de fiscalização da actividade de segurança privada. Liderava uma equipa que se distribuía pelas secções de instrução de processos e apoio à actividade operacional. Podia "facilitar" a vida às empresas e era visto como um "contacto" útil para os principais elementos da "máfia brasileira", os quais foram detidos em Fevereiro de 2010, segundo a mesma fonte. Mas na fase de investigação não terão sido recolhidas provas de que o subcomissário tenha recebido dinheiro da rede de extorsão liderada por Sandro Bala, o qual, entretanto, fugiu para o Brasil.

A Direcção Nacional da PSP, quando soube das suspeitas que pendiam sobre o subcomissário V.S., "tomou a medida cautelar de o transferir do Núcleo de Segurança Privada para o comando da esquadra dos Olivais", adiantou ao DN Paulo Flor, porta-voz da Direcção Nacional. "A PSP não suspendeu de funções o subcomissário para que ele não fosse punido duas vezes. Ele está apenas como arguido com termo de identidade e residência, não foi colocado em prisão preventiva nem em prisão domiciliária", adiantou.

Colocar o subcomissário numa mera função administrativa seria, para a Direcção Nacional, violar o "princípio da presunção da inocência". O DN tentou contactar o subcomissário para a esquadra dos Olivais mas, até ao fecho da edição, não foi possível ouvi-lo.»


in DN online, 29-10-2010


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