sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Vieira do Minho: "Homem das cavernas" defendido 19 anos depois de ter sido condenado

«Testemunha refuta ideia de homicídio e garante que não viu Manuel Cruz, conhecido por "homem das cavernas", de Vieira do Minho, matar uma pastora idosa à paulada. O advogado de defesa diz que o testemunho de Luísa Maria confirma resultado da autópsia.



"Vi a vítima a apertar os órgãos genitais do Manuel. Este levantou uma vara e ela, como era velhinha, desequilibrou-se, caiu de lado no chão e continuou a insultá-lo", disse, ontem, Maria Luísa, perante o Tribunal de Vieira do Minho.

Aquela empresária do Porto, natural de Anissó, freguesia onde ocorreu o alegado crime, desmente assim o testemunho de Joaquim Rebelo Barbosa, irmão da vítima.

"Ele não estava lá, pois nunca sai da barbearia onde trabalha. No local estava a vítima, o Manuel Cruz, a mãe deste e, a alguns metros, outro senhor com quem me cruzei com o meu carro. Penso que esse senhor se chama José Costa", esclareceu Luísa Maria, que recordou com exactidão o local da ocorrência, apesar de já terem passado 20 anos.

"Estava ali para tapar uma presa de água e, no regresso, no Ribeiro das Presas, vi uma zaragata por causa de animais", lembrou, recordando o sucedido a 15 de Agosto de 1991. Garantiu ainda que viu a vítima agredir Manuel Cruz com um cajado.

"Ela era assim um pouco conflituosa. Não gostou de ver o Manuel empurrar um dos animais e deu-lhe com um cajado na cabeça", acrescentou.

O procurador do Ministério Público, Manuel Afonso, questionou a testemunha: "Porque é que só agora se lembrou de dar o testemunho?" E acrescentou: "Você aparece aqui que nem um extra-terrestre e contraria todas as outras testemunhas".

Luísa Maria defendeu-se, dizendo que na altura soube da morte mas que nunca pensou que se tratasse de um caso de homicídio. "Só depois do aparecimento de Manuel Cruz é que senti que se estava a cometer uma injustiça", afirmou, para realçar: "O tribunal nunca me chamou e eu decidi contactar o presidente da junta da Anissó para lhe dizer o que tinha visto".

Após a sessão, Vítor Ferreira, advogado de defesa de Manuel Cruz disse, ao JN, que estranhou a postura do procurador do Ministério Público face ao testemunho de Luísa Maria. "Parece apenas querer dar credibilidade ao testemunho do irmão da vítima".

"Esta testemunha veio repor a verdade e confirma a teoria da autópsia, que revelou que os ferimentos da vítima são fruto de uma queda e não de agressão", acrescentou Vítor Ferreira.»

 
in JN online, 22-10-2010

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