quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Tribunal de Coimbra: Tiros, pancada e feridos no final de julgamento

«Arguidos reagiram mal a prisão, agrediram polícias e insultaram magistrados




Tiros, bastonada, pancadaria e ameaças a magistrados. Foi assim que terminou, ontem, terça-feira, no Tribunal de Coimbra, a leitura do acórdão de um julgamento por tráfico de droga, que ditou a prisão dos dois arguidos. No final da contenda, três pessoas ficaram feridas.

Conforme descreveu ao JN uma testemunha ocular, "o julgamento decorria de forma normal, até os arguidos começarem a perceber que iam ser condenados a prisão efectiva. Aí, o ambiente começou a ficar 'pesado' e agravou--se quando a procuradora do Ministério Público (MP), ao ouvir a sentença de oito anos e meio de prisão para um arguido e sete anos para outro, pediu à juíza para alterar a medida de coacção de apresentações periódicas para prisão até ao trânsito em julgado".

De acordo com a mesma fonte, "pelo menos um dos arguidos e seus familiares não estariam à espera deste desfecho. Desataram a insultar a procuradora. A juíza pediu uns minutos para apreciar o pedido da procuradora e saíram ambas da sala. No regresso, sem reforço policial (no tribunal estavam os habituais dois polícias de serviço e outros quatro requisitados), a juíza, já na companhia de outro elemento do MP - a procuradora, por questões de segurança, já não regressou à sala de audiências -, informou que os arguidos, uma vez que eram reincidentes no tráfico de droga e poderiam evadir-se, iriam recolher à prisão".

A confusão instalou-se. Um arguido começou a gritar e a incitar os que estavam cá fora. Familiares e amigos, ao tentar forçar a entrada na sala, partiram os vidros da porta, lançaram insultos e ameaças. Valeu tudo. A juíza e o procurador abandonaram a sala. Os seis elementos da PSP, incapazes de travar a fúria dos mais de 30 contestatários, solicitaram reforço. Dentro do tribunal, fugia um para cada lado. Até o advogado de defesa não escapou à fúria. Um familiar de um dos arguidos exigia uma explicação: "O senhor prometeu-nos que ele não ia preso!", exclamava, exaltado, o homem.

No exterior do Palácio da Justiça, já com imensos transeuntes a assistir, a polícia foi obrigada a disparar tiros de intimidação e a usar os bastões para conter o ímpeto dos familiares dos arguidos, que residem no Parque Nómada do Bolão, em Coimbra. Um deles ainda agrediu na cara um transeunte, que nada tinha a ver com o assunto. Uma mulher cortou-se na mão, após partir o vidro de uma janela do exterior do tribunal. Outro dos familiares foi ferido por um bastão.

No final, a PSP não escapou às críticas de alguns agentes judiciários, que não compreendem a fraca presença policial em julgamentos deste género.»


in JN online, 08-12-2010

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