«Há quem diga que a justiça neste país bateu no fundo, mas quer-me parecer que não há fundo para a nossa justiça. E a existir os juízes rapidamente tratariam de o escavar mais um bocadinho de forma a possibilitar aos cidadãos continuarem a descer o nível de consideração que têm pela classe e por muitas decisões tomadas nos tribunais que a desonram e cobrem de vergonha. Justiça made in Portugal.
Vou relembrar a notícia saída aqui no expresso, e que reli, imagine-se, no site da ASJP - associação sindical dos juízes portugueses:
"Uma turista italiana, de 25 anos, foi sequestrada em Lisboa e repetidamente agredida e violada durante três dias, numa pensão do centro da capital. Na passada sexta-feira a recém-licenciada chegou a Lisboa, após uma viagem pela Europa. Junto à estação de metro de Arroios, um homem, de 42 anos, perguntou-lhe se precisava de ajuda e ofereceu-se para lhe indicar o caminho para o hotel, mas acabou por leva-la para pensão onde estava hospedado. O rapto durou até domingo, dia em que a jovem conseguiu fugir ao terror, avança o "Correio da Manhã".
As perícias levadas a cabo pela Polícia Judiciária e Instituto de Medicina Legal não deixam dúvidas sobre a violação e repetidas agressões que deixaram a jovem com o corpo todo marcado. O homem foi presente ao tribunal, mas o juiz deixou-o sair em liberdade, ficando apenas obrigado a apresentar-se quinzenalmente na esquadra (coitado, o dinheirão que o homem vai gastar em viagens...). A jovem turista está a receber acompanhamento psicológico e apoio da embaixada italiana em Portugal." (até admira não a terem deixado em prisão preventiva, por eventual perigo de fuga para Itália)
O nojo e estupefacção perante a notícia não me permitem fazer qualquer reparo sob pena de perder a minha liberdade e não me ser aplicada igual e benevolente pena. Deixo apenas uma pergunta, simples e directa: se no lugar da desafortunada italiana tivesse sido a filha ou a esposa do meritíssimo juiz que tomou esta brilhante e inusitada decisão a vítima de tamanha desumanidade cometida por um animalzinho doente durante três longos e tortuosos dias, e visse vexa um seu colega sentado num tribunal tomar a mesma decisão, o que sentiria?
O que lhe passaria pela cabeça se no dia seguinte à audiência, enquanto bebericava o seu galão quentinho, visse entrar na pastelaria do bairro o indivíduo que três dias antes tinha levado a sua filha, prima, mulher, amiga ou colega para uma pensão ranhosa e a tivesse forçado a fazer coisas indescritíveis sob ameaças e agressões permanentes? Sentir-se-ia bem? Continuaria impávido e sereno a beber o leitinho com café, sem pestanejar?
Se sim já cá não está quem falou. Se não sugiro-lhe que bata com a cabeça numa parede porque merece (acredite).Desculpem o termo, mas não há outro que melhor defina a justiça em Portugal: é uma merda!»
Vou relembrar a notícia saída aqui no expresso, e que reli, imagine-se, no site da ASJP - associação sindical dos juízes portugueses:
"Uma turista italiana, de 25 anos, foi sequestrada em Lisboa e repetidamente agredida e violada durante três dias, numa pensão do centro da capital. Na passada sexta-feira a recém-licenciada chegou a Lisboa, após uma viagem pela Europa. Junto à estação de metro de Arroios, um homem, de 42 anos, perguntou-lhe se precisava de ajuda e ofereceu-se para lhe indicar o caminho para o hotel, mas acabou por leva-la para pensão onde estava hospedado. O rapto durou até domingo, dia em que a jovem conseguiu fugir ao terror, avança o "Correio da Manhã".
As perícias levadas a cabo pela Polícia Judiciária e Instituto de Medicina Legal não deixam dúvidas sobre a violação e repetidas agressões que deixaram a jovem com o corpo todo marcado. O homem foi presente ao tribunal, mas o juiz deixou-o sair em liberdade, ficando apenas obrigado a apresentar-se quinzenalmente na esquadra (coitado, o dinheirão que o homem vai gastar em viagens...). A jovem turista está a receber acompanhamento psicológico e apoio da embaixada italiana em Portugal." (até admira não a terem deixado em prisão preventiva, por eventual perigo de fuga para Itália)
O nojo e estupefacção perante a notícia não me permitem fazer qualquer reparo sob pena de perder a minha liberdade e não me ser aplicada igual e benevolente pena. Deixo apenas uma pergunta, simples e directa: se no lugar da desafortunada italiana tivesse sido a filha ou a esposa do meritíssimo juiz que tomou esta brilhante e inusitada decisão a vítima de tamanha desumanidade cometida por um animalzinho doente durante três longos e tortuosos dias, e visse vexa um seu colega sentado num tribunal tomar a mesma decisão, o que sentiria?
O que lhe passaria pela cabeça se no dia seguinte à audiência, enquanto bebericava o seu galão quentinho, visse entrar na pastelaria do bairro o indivíduo que três dias antes tinha levado a sua filha, prima, mulher, amiga ou colega para uma pensão ranhosa e a tivesse forçado a fazer coisas indescritíveis sob ameaças e agressões permanentes? Sentir-se-ia bem? Continuaria impávido e sereno a beber o leitinho com café, sem pestanejar?
Se sim já cá não está quem falou. Se não sugiro-lhe que bata com a cabeça numa parede porque merece (acredite).Desculpem o termo, mas não há outro que melhor defina a justiça em Portugal: é uma merda!»
in Expresso online, 12-8-2011
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