sábado, 18 de junho de 2011

Procurador-geral da República, Pinto Monteiro: Copianço é "lamentável e desprestigiante"

«O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, afirmou hoje que o copianço de futuros magistrados num teste é "eticamente censurável, lamentável e desprestigiante".

"As qualidades principais para ser magistrado é a seriedade, o bom-senso e o equilíbrio. Copiar ao nível do CEJ é eticamente censurável, lamentável e desprestigiante", afirmou Pinto Monteiro aos jornalistas à margem do seminário Eurojust que está a decorrer em Lisboa. Pinto Monteiro considerou que esta situação "não abona em nada" à imagem da Justiça, mas disse que "é altura de parar com a especulação".

O procurador-geral da República frisou que o Conselho Pedagógico do CEJ é o órgão que "deve tomar a medida conveniente, que é apurar responsabilidades e tirar as consequências" deste caso. Num despacho datado de 1 de Junho e assinado pela directora do CEJ, a desembargadora Ana Luísa Geraldes, a que a agência Lusa teve acesso, é referido que na correcção do teste de Investigação Criminal e Gestão do Inquérito (ICGI) "verificou-se a existência de respostas coincidentes em vários grupos" de alunos da mesma sala.

O documento indica que, em alguns grupos, "a esmagadora maioria dos testes" tinha "muitas respostas parecidas ou mesmo iguais", constatando-se que todos os alunos erraram em certas questões. No despacho é dito que as perguntas erradas nem eram as mais difíceis do teste, tendo-se verificado também o inverso: numa das questões mais difíceis ninguém falhou. Realça ainda que há pessoas sentadas umas ao lado das outras que têm "testes exactamente iguais, repetindo entre elas os erros que fizeram".

Perante o copianço da turma, a direcção do CEJ decidiu, em reunião, "anular o teste em causa, atribuindo a todos a classificação final de 10 valores" naquela cadeira da área criminal. Na quinta-feira, a directora do Centro de Estudos Judiciários confirmou hoje o copianço generalizado num teste feito por futuros magistrados e anunciou "uma averiguação para o cabal apuramento de responsabilidades".»


in DN online, 17-6-2011

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