«Uma empresária, sócia de um restaurante em Coimbra, desaparecida desde Maio de 2010, pode ter sido sequestrada e assassinada.
- Alfredo Neves, dono do restaurante D. Pedro, em Coimbra, recusou ontem comentar ao ‘CM’ as suspeitas que recaem sobre si -
O Ministério Público suspeita do marido e do filho da vítima, segundo um acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra que autoriza o MP a aceder ao registo das chamadas dos telemóveis e telefones fixos. O acórdão foi divulgado na internet, no site do Instituto das Tecnologias de Informação da Justiça, numa altura em que a investigação policial está em pleno curso.
Maria Altina Neves, 70 anos, que geria o restaurante D. Pedro com o marido, Alfredo Neves, foi vista pela última vez a 10 de Maio. Com a empresária desapareceram cheques e uma quantia significativa em dinheiro. Nunca mais foi vista, não contactou familiares ou amigos, nem movimentou as suas contas, segundo é referido no acórdão.
Neste contexto, o MP suspeita de que "não se tenha ausentado voluntariamente e que possam ter atentado contra a sua vida e, consequentemente, suspeita fortemente da ocorrência de crimes graves, tais como sequestro ou homicídio". Para poder aceder aos registos das chamadas telefónicas realizadas na altura, o MP indica como suspeitos o marido e o filho da desaparecida. "Não para devassar de forma grave a sua intimidade, mas tão somente para confirmar que passos deram no período de tempo em que ocorreu o desaparecimento e com quem contactaram no mesmo período e nos momentos subsequentes", argumenta .
O facto de os familiares conhecerem bem as rotinas da vítima, que naquele dia transportava mais dinheiro, o relacionamento difícil com o filho e a relação amorosa que Maria Altina Neves manteria com outra pessoa, são as justificações apresentadas para fundamentar as suspeitas.
UM ANO SEM SINAIS APÓS VÁRIAS BUSCAS, EXAMES E INQUIRIÇÕES
O acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, datado de 23 de Março de 2011, foi divulgado no site do Instituto das Tecnologias de Informação da Justiça, do Ministério da Justiça. Mas as investigações, a cargo da Polícia Judiciária do Centro, ainda estão em curso. Como é referido no acórdão, já foram realizadas diligências, inquirições, buscas e exames, mas não foram detectados sinais de Maria Altina Neves. O MP vai agora verificar os registos dos contactos telefónicos estabelecidos, assim como analisar a localização celular dos telemóveis dos suspeitos no período compreendido entre os dias 1 e 25 de Maio.
RELAÇÃO ACEITA RECURSO DO MP
O pedido para análise dos registos das chamadas dos telemóveis e dos telefones fixos instalados no restaurante e em casa de Maria Altina Neves tinha sido inicialmente formulado ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Coimbra. Mas a pretensão foi recusada. Perante a escassez de dados, o TIC decidiu que "sem indícios não há suspeitos". O MP recorreu para a Relação e os desembargadores revogaram a decisão, autorizando o MP a recolher os elementos.»
in CM online, 05-4-2011
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