quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tribunais portugueses estão cada vez mais lentos, revela estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

«Os tribunais portugueses estão cada vez mais lentos: por cada 100 processos findos, 184 ficam pendentes, enquanto há 20 anos eram todos resolvidos, revela o primeiro livro digital com estatísticas, apresentado esta quarta-feira pela Pordata.

A partir de hoje, o site da Pordata (http://www.pordata.pt/) oferece gratuitamente um "Retrato de Portugal" feito com dados de 2009, que foram recolhidos em 50 organismos produtores de estatística.

São "números que contam a nossa história mais recente" e que mostram mudanças que trazem "algumas tristezas, algumas amarguras, mas também algumas satisfações", resumiu Maria João Valente Rosa, diretora do projeto hoje apresentado nas instalações da Portada, em Lisboa.

Depois de um olhar pelos 12 temas que retratam a sociedade portuguesa, a responsável mostrou-se "preocupada" com os "sérios bloqueios em sectores importantes como a Educação e a Justiça".

Através da recolha e cruzamento de dados, a equipa da Pordata concluiu que existe uma "tendência crescente de congestionamento dos tribunais". Em 2009, por cada 100 processos finalizados, ficavam 184 pendentes, ou seja, havia uma taxa de congestão de 184 por cento. Já em 1990 a situação era exactamente inversa, com mais processos findos que pendentes (taxa de 80 por cento).

Maria João Valente Rosa alertou para o facto de uma Justiça "pouco célere" poder "desmotivar quem queira vir para Portugal trabalhar".

E é precisamente na área que cruza o Trabalho com a Educação que se demora o olhar dos investigadores. A directora sublinha os números "preocupantes" que revelam que a maioria dos empregadores portugueses tem no máximo o 9.º ano de escolaridade e mais de metade dos empregados não tem o secundário.

O livro digital conta ainda que os portugueses estão a ficar cada vez mais velhos. "Em 2009, havia 117 idosos para cada 100 jovens (pessoas com menos de 15 anos), enquanto nos anos 60 havia apenas 27 idosos para cada 100 jovens", recordou Maria João Rosa.

A boa notícia é que as pessoas vivem cada vez mais: entre 1970 e 2008 os portugueses ganharam mais 12 anos de tempo médio de vida, ou seja, mais quatro meses por ano. Hoje os homens vivem até aos 75,8 anos de idade e as mulheres até aos 81,8 anos. Associado a este aumento de longevidade dos portugueses está a melhoria na área da saúde, sublinhou a técnica.

Para Maria João Rosa, "não há surpresas" neste livro, porque está habituada a lidar diariamente com os números, mas admite que os dados "possam surpreender algumas pessoas de algumas áreas que não os conheciam".

O livro "Retrato de Portugal PORDATA" é um resumo de indicadores da sociedade portuguesa contemporânea, organizados em 12 grandes temas que ajudam a contar a história mais recente do país e a responder a questões tão simples como quantos somos, como vivemos ou o que fazemos.

A Pordata é uma base de dados da responsabilidade da Fundação Francisco Manuel dos Santos.»


in JN online, 20-4-2011


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