«O Ministério Público, na acusação a que o CM teve ontem acesso, entende que o engenheiro António Ferreira da Silva, 63 anos, já tinha o crime premeditado uma semana antes de assassinar a tiro o ex-genro, a 5 de Fevereiro, durante uma visita que o advogado Cláudio Rio Mendes fez à filha, de três anos, em pleno parque público da Mamarrosa, Oliveira do Bairro.
- António Ferreira da Silva -
Diz a acusação que, depois de uma discussão a 29 de Janeiro, "o arguido decidiu levar uma arma para o segundo encontro, a qual desde logo projectou utilizar contra Cláudio caso surgisse oportunidade".
Assim, a 5 de Fevereiro, o engenheiro aproveitou-se do facto de durante a discussão Cláudio ter batido numa tia-avó da juíza Ana Joaquina – ex-mulher de Cláudio e filha de Ferreira da Silva – para atingir os seus intentos. "Viu ali uma oportunidade para concretizar o desígnio homicida", diz o procurador.
Recorde-se que Cláudio Mendes foi assassinado com cinco tiros. Ainda tentou fugir, mas, apesar de ter a neta ao colo, Ferreira da Silva continuou sempre a disparar.
A acusação do MP relata ao pormenor o momento em que Cláudio foi assassinado e que ficou registado num vídeo, que o CM divulgou. O procurador não tem dúvidas e diz que o engenheiro premeditou a morte do ex-genro uma semana antes e que o assassinou porque o odiava: "Muniu-se de uma arma, agindo de forma pensada, sabendo que odiava a vítima. Disparou a curta distância e com frieza de ânimo", pode ler-se.
Entretanto, a prisão preventiva é mantida – considerando o juiz que há perigo de o engenheiro também matar os familiares de Cláudio que queiram ver a pequena Adriana.
UM DOS CASOS MAIS CÉLERES DA JUSTIÇA
A acusação do Ministério Público contra Ferreira da Silva saiu em tempo quase recorde. É um dos casos mais céleres da Justiça portuguesa e, caso não seja pedida a abertura da instrução do processo, o julgamento deverá começar muito em breve. Na maioria dos processos que envolvem presos preventivos, a acusação apenas é deduzida no mínimo ao final de seis meses. Já Ferreira da Silva viu o Ministério Público acusá-lo em pouco mais de três meses.
Modesto Mendes e Isabel, respectivamente irmão e mãe de Cláudio, constituíram-se assistentes no processo e irão testemunhar em tribunal.
PODE MATAR MAIS FAMILIARES
A acusação do Ministério Público assenta na convicção de que Ferreira da Silva planeou a morte de Cláudio Rio Mendes no dia 29 de Janeiro, quando por ordem do tribunal o advogado esteve pela primeira vez com a filha no parque – já nessa primeira visita os ânimos se tinham exaltado. E, por isso, o procurador decidiu agravar a configuração do crime de homicídio simples para qualificado – punível até 25 anos. Entretanto, depois de o juiz de instrução ter levantado recentemente a hipótese de Ferreira da Silva, depois de ter morto Cláudio, também poder agora matar os pais e o irmão da primeira vítima, caso se tentem aproximar da pequena Adriana, o Ministério Público sustentou agora, na acusação, a manutenção da prisão preventiva com base nesse risco. "Existe o perigo de reagir de forma idêntica contra os avós e tios que possam querer ver reconhecido o direito de visitas da menor", disse o juiz de instrução. Além do homicídio, o engenheiro também está acusado pelo facto de o revólver do crime estar ilegal.»
Foto e texto in CM online, 12-5-2011
Veja o vídeo do homicídio:
AVISO
Este vídeo contém imagens chocantes
Vídeo in YouTube, 22-02-2011
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