«A cumprir pena suspensa por bater na ex-mulher, Rui atacou agora o actual companheiro. Desferiu-lhe três golpes em frente ao filho, de cinco anos.
(Raquel Matos diz que as ameaças eram uma constante. Anteontem, acabaram em tragédia, com a morte do seu actual companheiro)
A obsessão doentia pela ex-mulher levou anteontem à noite Rui Pereira, 31 anos, a matar à facada o actual companheiro daquela, Ricardo Ganhão, de apenas 22. O crime foi presenciado pelo filho, de cinco anos, disputado pelo homicida e pela antiga companheira num processo de poder paternal que decorre no Tribunal de Grândola.
Conhecido por ser um homem violento, Rui Pereira estava a cumprir uma pena de prisão suspensa de dois anos e quatro meses por maus-tratos continuados à ex-mulher. Desta vez, a sua ira voltou-se para o actual companheiro de Raquel. Louco de ciúmes, telefonou à antiga companheira a informar de que ia buscar a criança para passar o resto da semana na sua casa, em Ermidas-Sado. Mas, durante a curta conversa, não conseguiu evitar mais uma ameaça.
"Disse que me matava. Ele é uma pessoa obsessiva e não aceitava a nossa separação nem o facto de eu estar junta com outro homem", referiu ao CM a ex-mulher.
Passavam poucos minutos das 22h30 quando Rui entrou pelo quintal da casa da antiga companheira, situada no bairro das Amoreiras, em Grândola. Pegou no filho e levou-o para o carro. Mas, em vez de se ir embora, puxou de uma faca e regressou a casa, gritando que ia partir a carrinha de Ricardo Ganhão.
Assim que este saiu para o quintal para defender o seu veículo, os dois envolveram-se numa briga. Rui Pereira acabou por desferir três golpes fatais ao rival, dois dos quais na barriga e na zona dos pulmões. O outro acertou-lhe num braço.
Nesse momento, o menor gritava desesperado na rua. "A criança pulava e chorava. Acorremos ao local, mas o mal estava feito", referiu Antónia Chainho, avó de Raquel.
Ricardo Ganhão, que ainda foi defendido por um amigo que se encontrava com ele dentro de casa, foi assistido no local pelo INEM, mas acabou por falecer pouco tempo depois, quando já era transportado para o Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém.
QUEIXOU-SE DE AGRESSÃO À GNR E ACABOU DETIDO
Desorientado, Rui Pereira deixou anteontem à noite a faca ensanguentada no quintal da casa da ex-mulher e saiu da vila de Grândola no carro em direcção à sua residência, em Ermidas do Sado, no concelho vizinho de Santiago do Cacém.
Pensando que tinha apenas ferido o seu rival, o homicida decidiu, pouco tempo depois, apresentar uma queixa por agressão contra Ricardo Ganhão. Foi ao posto da GNR local, mas acabou por ser detido.
"Na altura, os guardas já estavam avisados do crime de homicídio pela Polícia Judiciária e acabaram por o deter", referiu ontem ao CM a ex-mulher, Raquel Matos.
Fonte da GNR adiantou ainda que o autor do homicídio não ofereceu resistência. Ficou nos calabouços do Destacamento Territorial de Santiago do Cacém e será hoje presente ao juiz.
HOMICIDA SERÁ HOJE PRESENTE A TRIBUNAL
O autor do homicídio, cuja investigação está agora a cargo da Polícia Judiciária de Setúbal, será hoje presente ao juiz do Tribunal Judicial de Grândola. Na vila alentejana, há quem diga que será mal recebido pelos populares: "O Ricardo era bom rapaz e não se metia com ninguém. Toda a gente gostava dele e o que lhe fizeram é revoltante", disse ontem, ao nosso jornal, um amigo da vítima mortal. Apesar de jovem, Ricardo Ganhão era tido na zona onde vivia como trabalhador. Ganhava o sustento na cortiça, tal como grande parte da família. Rui Pereira, o homicida, é especialista na confecção de pizas.»
in CM online, 22-11-2010
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