«A suspeita das autoridades sobre a autoria do crime virou-se inicialmente para o próprio advogado, pois Duarte Lima, do seu quarto de hotel em Belo Horizonte, ligou na manhã do dia do crime para a loja Pantanal – representante da marca de armamento Taurus e que é uma espécie de armazém geral, onde se vende de tudo um pouco, de anzol a spray para mosquitos e de armas curtas a armas longas. Na loja, contudo, não se encontrou qualquer registo em nome de Duarte Lima.
Um dos problemas da investigação brasileira prende-se com o facto de não ter sido encontrado o revólver de calibre .38 usado para matar Rosalina. Foi apenas através de um dos projécteis, que ficou alojado na cabeça da vítima, que se identificou a arma do crime. Mas de uma coisa os polícias estão seguros: a arma, dada a apertada vigilância, nunca poderia ter entrado pelo aeroporto e alguém, que não Duarte Lima, a teria em sua posse.
Segundo o SOL apurou junto de fonte policial, para se adquirir uma arma de fogo, no Brasil, «é obrigatório mostrar a carteira do registo da arma que o dono tem de enviar para os órgãos competentes – e aí nós teríamos descoberto». Mas o telefonema para a casa Pantanal continua a intrigar a Polícia, e a mesma fonte tira uma das conclusões possíveis: «Isto é uma zona rural e no interior muita gente tem arma. Pode alguém lhe ter fornecido uma e ele apenas comprou as munições, que são vendidas aos montões e sem controlo». Refira-se, a propósito, que o SOL tentou adquirir uma arma no mesmo local, mas a resposta foi pronta: «Sem documentação, aqui apenas podemos vender carabina de chumbinhos».
Wenderson, esse, não está para grandes conversas: «Nunca tive arma na vida e o meu relacionamento com o senhor Domingos foi apenas profissional». Segundo afirma ao SOL, conheceu Duarte Lima em 2009 e sempre na companhia de Marlete.
Duarte Lima estivera no Rio dois meses antes
O primeiro contacto ocorreu em Setembro, através da Pampulha Turismo, empresa de motoristas para executivos. Depois, o contrato passou a ser directo. E, ao contrário do que Duarte Lima afirma em relação ao seu gosto por conduzir e deslocar-se desta forma com frequência para o estrangeiro – como aconteceu na entrevista a Judite de Sousa, na RTP (Agosto de 2010), explicando a opção por ter aterrado em Belo Horizonte para depois conduzir quase 500 quilómetros até ao Rio –, dessa vez, enquanto ali permaneceu não passou sem os préstimos do motorista.
Foi Wenderson quem, nessa estada, em Setembro, conduziu Duarte Lima e a secretária Marlete em várias deslocações pelo Brasil: deixava-os em restaurantes e hotéis e chegou mesmo a levá-lo ao Rio de Janeiro e a passar à porta do prédio de Rosalina, conforme ficou registado por uma das antenas celulares da zona (mas desta vez através do número ‘oficial’ do advogado).
Nessa viagem, o ex-deputado, que ficou na capital brasileira durante quatro dias, não fez um único contacto com Rosalina Ribeiro, e os amigos mais próximos da vítima desconhecem esta deslocação. Também o motorista que o conduziu garante: «Sei que estivemos no Flamengo, mas nunca vi essa senhora». »
por Felícia Cabrita, enviada ao Rio de Janeiro
in SOL online, 22-9-2011
in SOL online, 22-9-2011
Sem comentários:
Enviar um comentário