«A empresa de telecomunicações Optimus anunciou, este sábado, a "intenção" de apresentar uma queixa-crime relacionada com uma alegada espionagem a um jornalista pelos serviços de informação, para "esclarecimento cabal de toda esta situação".
"A Optimus já procedeu à abertura de um processo de auditoria independente e é sua firme intenção apresentar uma queixa-crime", refere a operadora num comunicado.
O jornal Expresso avançou que o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) "espiou" o telemóvel de um antigo jornalista do Público, Nuno Simas, actualmente director-adjunto de Informação da Lusa, "com o objectivo de descobrir as eventuais fontes do jornalista", que utilizava a rede daquela operadora.
A Optimus "exige um esclarecimento cabal de toda a situação", em que algumas vezes "se têm confundido autores com vítimas, comportamentos ilegais individuais com comportamentos empresariais, colocando assim em causa o bom-nome da empresa e das pessoas que nela trabalham".
De acordo com o comunicado, a empresa assinala que "apenas fornece a terceiros informação relativa aos seus clientes dentro do mais estrito e rigoroso cumprimento da lei" e que possui um conjunto de "processos e procedimentos que se têm mostrado adequados à protecção de dados pessoais".
A Optimus alega ter sistemas tecnológicos de última geração e mecanismos de controlo de acessos que asseguram a confidencialidade da informação dos seus clientes.
Nesse sentido, a Optimus "cumpre integralmente" todas as normas de segurança aplicáveis, salienta no comunicado.
A empresa destaca ainda que é exigido a todos os seus colaboradores uma "postura de seriedade e rigor" em face da informação tratada e que é obrigatória a confidencialidade, com a qual "todos estão comprometidos", nomeadamente através dos seus contratos de trabalho e termos de responsabilidade.
A Optimus refere também que, na eventualidade da informação em questão ter tido origem nos sistemas da operadora, "tal só seria possível caso tivesse havido um comportamento individual ilícito e criminoso".
Este comportamento "não pode ser confundido com qualquer acto da empresa", conclui.
A Optimus já tinha garantido anteriormente que nunca entregou dados sobre comunicações a qualquer entidade, refutando também qualquer colaboração no "fornecimento ilegal de dados", a propósito da alegada espionagem a um telemóvel do jornalista Nuno Simas.
"A Optimus refuta ter tido qualquer espécie de colaboração no fornecimento ilegal de dados. A empresa nunca fornece registos de comunicações a quaisquer entidades. A única excepção acontece nos termos da lei no âmbito de investigações criminais de crimes de especial gravidade e mediante pedido formal através de ofício assinado por juiz", disse anteriormente à Lusa fonte oficial da operadora.
Entretanto, Nuno Simas anunciou que apresentará uma queixa-crime por devassa da vida privada, na sequência da alegada espionagem feita pelos serviços secretos ao seu telemóvel, em 2010.
O jornal "Público" anunciou também que vai pedir às autoridades competentes um inquérito para investigar a alegada espionagem.
A Procuradoria-Geral da República também anunciou que iria abrir um inquérito no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa.
O primeiro-ministro também ordenou ao secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), Júlio Pereira, a abertura de um inquérito sobre o assunto.
A Comissão Nacional de Protecção de Dados também revelou que vai abrir um processo de averiguações ao caso.»
in JN online, 03-9-2011
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