quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Juiz do Tribunal da Relação de Lisboa pediu relatório à Segurança Social sobre George Wright


«Um juiz do Tribunal da Relação de Lisboa recusou o pedido da advogada do cidadão norte-americano George Wright para que este não ficasse em prisão preventiva, mas pediu um relatório à Segurança Social.


- George Wright, primeiro da esquerda -


Fonte judicial explicou à Lusa que o relatório servirá para avaliar as condições sócio-económicas de George Wright, que vive há cerca de 20 anos em Portugal sob a identidade de José Luís Jorge dos Santos, tendo dois filhos de 24 e 26 anos de um casamento celebrado em território nacional.

A advogada pediu na terça-feira que George Wright, procurado há 41 anos pelas autoridades norte-americanas por homicídio, aguardasse o desenrolar do processo de extradição em liberdade provisória, mas o juiz da Relação que apreciou o caso negou provimento.

George Wright, de 68 anos, que está detido no estabelecimento prisional da Polícia Judiciária, em Lisboa, opôs-se à extradição para os Estados Unidos, tendo agora a sua advogada oito dias para fundamentar essa oposição.

Depois o Ministério Público português terá de se pronunciar sobre os argumentos da defesa e o processo de extradição será julgado na Relação, tribunal competente para apreciar estes casos.

No passado, o Tribunal da Relação de Lisboa já foi chamado a apreciar pedidos de extradição de alguns processos mediáticos como dos alegados eterras Tellechea Maya (Julho de 1995), Arikoitz García Arrieta e Iratxe Yáñez Ortiz de Barron (2010), do bombista indiano Abu Salem (Outubro de 2003) e do assaltante de bancos espanhol Jaime Gimenez Arce "El Solitário" (2007), entre outros.

Portugal e os Estados Unidos têm um acordo de extradição, mas isso não impede que os arguidos possam contestar a sua transferência, já que o procedimento não é automático e tem de ser apreciado por um juiz de um tribunal superior.

A pena máxima de prisão em Portugal é de 25 anos e no Estado de Nova Jérsia, onde Wright cometeu o homicídio pelo qual está condenado, vai até à prisão perpétua.

George Wright fugiu da cadeia de Bayside, em Leesburg (Nova Jérsia), em 1970, e, dois anos mais tarde, desviou um avião de uma companhia aérea norte-americana.

Segundo a agência Associated Press, Wright foi condenado pelo homicídio, em 1962, de Walter Patterson, o proprietário de uma bomba de gasolina em Wall, Nova Jérsia, um veterano da II Guerra Mundial e pai de dois filhos.

O condenado terá também cometido vários assaltos à mão armada no mesmo ano e com a ajuda de três cúmplices, que também foram detidos na altura.

Segundo o FBI, Wright era militante do grupo clandestino Exército de Libertação Negra que, em 1972, sequestrou um avião da Delta Air Lines que voava de Detroit para Miami.

Depois de ter libertado os passageiros, a troco de um milhão de dólares (o mais alto resgate pago até então), os piratas do ar obrigaram o comandante a voar até Boston e depois para a Argélia, onde pediram asilo.

O Governo argelino devolveu o avião e o resgate aos EUA, a pedido da Administração norte-americana, e deteve os sequestradores temporariamente.

Os cúmplices de Wright foram presos, julgados e condenados em Paris em 1976. Wright foi o único que se manteve em fuga, até ser capturado na segunda-feira pelas autoridades portuguesas, no concelho de Sintra.»


Lusa, 28-9-2011

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