Três das quatro testemunhas consideradas chave, no julgamento do assalto ao museu do ouro, em Viana, depuseram ontem, apesar do atentado a tiro contra o local onde trabalham. A quarta, uma jovem, não se apresentou por, segundo o pai, estar "aterrorizada".
Fernando Alves, proprietário do stand Suzuki, em Santo Tirso, onde na passada terça-feira um encapuzado entrou e fez vários disparos de intimidação, confessou ontem ao tribunal que ele e os filhos (que também são testemunhas, juntamente com um funcionário) vivem num "medo total" desde então. Pediu que se mantivesse a protecção policial ordenada na sessão anterior. O tribunal disse que sim e "com extrema urgência".
Pai e filho testemunharam a presença de dois dos arguidos no stand, no dia do assalto, procurando o mais novo. O funcionário só se lembrava de um e testemunhou de forma confusa. A acusação do Ministério Público diz que, após o assalto e em fuga, os arguidos procuravam ajuda médica para um cúmplice que tinha sido baleado pela Polícia na cabeça e acabaria por falecer.
"Eu estava me casa por cima da loja e vi a noticia do assalto", disse Fernando Alves. Passado algum tempo, prossegue, "a minha filha subiu e perguntou se eu tinha visto a noticia e que teriam ido à loja à procura do meu filho". Segundo o testemunho de Fernando Alves a filha terá também referenciado a presença do ferido. Este era "cliente da casa e conhecia-o".
"Sabiam que eu ia para Espanha"
O filho de Fernando Alves, por seu turno, garantiu que nesse dia estava "a viajar para Espanha". disse que a irmã lhe ligou para falar sobre "a notícia" e que tinham estado à sua procura. "Estranhei pois sabiam que eu ia para Espanha". Terá então ligado a um terceiro arguido, seu conhecido e também cliente, a saber porque motivo o teriam ido procurar. Ele terá respondido que "não sabia, que não se passava nada". No entanto achou que "se estaria a passar algo". Algumas contradições entre o que acabara de dizer e as suas declarações à PJ foram justificadas pelo "pressão das perguntas e do seu stresse".
No seu depoimento, o funcionário do stand confundiu o número de arguidos (com referências no plural e no singular) que lá teriam ido e o nome do que viu no local. Disse que "terá ido lá por volta das 11.30horas, perguntar pelo filho do proprietário e depois por volta das 12.30horas, perguntando pela irmã".
O advogado do assistente, Horácio Lages referiu, no final, que "se obteve mais prova para corroborar o modo como os factos se terão passado". Admitindo "falhas de memória e algumas contradições", principalmente do funcionário, Lage considerou que as "testemunhas foram falando aquilo que já tinham dito". Foram "testemunhas chaves e uma boa prova", referiu. Também o advogado de defesa de dois dos arguidos, Miguel Brochado Teixeira considerou que se deram "mais uns passos seguros em direcção da verdade", mas no sentido da ilibação dos seus clientes.
Valorizou, por isso, "as contradições dos depoimentos". "Foi a demonstração cabal daquilo que venho dizendo há três anos: houve um assalto violentíssimo, tremendo, mas não descobriram quem foram os autores". Diz o advogado que, por agora, os arguidos não falarão, porque as "testemunhas estão a falar mais do que o suficiente". "Os arguidos sempre admitiram que estiveram no stand, mas o que quiseram foi construir uma razão diferente daquela pela qual eles lá foram".
Texto in JN online, 24-9-2010
Foto do Tribunal de Viana do Castelo in Google
Vídeo in RTP online
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