segunda-feira, 28 de junho de 2010

Pérola Negra, Porto: Cirurgião-plástico extorquido por mulher da noite



«Sete meses de relação extraconjugal com uma "alternadeira" do bar Pérola Negra, no Porto, provocaram um inferno na vida de um cirurgião-plástico. Foi extorquido em seis mil euros e, durante meses, passou vergonhas: até foi insultado à porta da Igreja. O MP acusou agora a mulher.

Especializado em cirurgia estética, o cirurgião conheceu a mulher naquele estabelecimento nocturno, no final de 2007, e iniciou um relacionamento que incluía encontros em Braga, onde praticavam actos sexuais.

Os namoros secretos eram fora da cidade do Porto, porque o médico tem uma clínica nesta cidade e, desta forma, diminuía as hipóteses de familiares ou conhecidos tomarem conhecimento do caso.

O “cliente” chegou a pagar 500 euros por mês à mulher, de 32 anos, que residia na Póvoa de Lanhoso.

Só que, em Julho de 2008, o clínico entendeu pôr fim ao relacionamento, deixando de entregar qualquer quantia. Maldita a hora em que o comunicou à amante: a partir desse momento, a mulher iniciou uma perseguição implacável, exigindo-lhe dinheiro e aparecendo na clínica e à porta da residência do médico.

Os escândalos visavam destruir o homem “familiar e profissionalmente” – como ela própria dizia – e incluíam telefonemas para casa, telemóvel e trabalho. A mãe do clínico e uma tia também receberam telefonemas e denúncias por parte da mulher da noite.

Envergonhado pelos constantes tumultos, pelo facto de ter sido obrigado a dar explicações à família e por ver a sua imagem e negócio prejudicados, o médico chegou a contratar um segurança à empresa “Prosegur” para zelar pela sua integridade física e evitar a aproximação da alternadeira. Por outro lado, apresentou queixa na Polícia Judiciária e PSP. Esta força policial chegou a destacar agentes para proteger o médico em momentos mais críticos.

Porém, durante a fase das ameaças, o clínico teve dois momentos de fraqueza. No primeiro, ainda em Julho de 2008, entregou, em notas, seis mil euros exigidos pela mulher. No segundo, em Outubro, efectuou uma cirurgia plástica de graça à alternadeira, aumentando-lhe o contorno dos lábios. Só que as exigências continuaram.

Logo a seguir, a mulher quis que lhe fosse realizada uma cirurgia ao nariz, outra de correcção de uma tatuagem numa perna e ainda outra de correcção dos orifícios para brincos nas orelhas. O médico recusou, mas logo a seguir recebeu mensagem no telemóvel, com a exigência de mais dois mil euros, em dinheiro vivo.

A 19 de Outubro de 2008, um domingo, a vítima voltou a dizer não e foi novamente vítima do instinto vingativo. A mulher da noite deslocou-se até à casa da mãe do médico. Este, temendo pela integridade física da progenitora, deslocou-se até ao mesmo local. Quando lá chegou, a alternadeira provocou um embate no carro. Mais um escândalo. E mais uma vez a chamada da Polícia ao local.

Mas, naquele dia, o martírio do médico ainda não tinha terminado. A alternadeira sabia que ele fazia parte do coro da Igreja Nossa Senhora da Conceição, na Praça do Marquês de Pombal, do Porto, e deslocou-se até ao local. À frente de toda a gente, insultou e enxovalhou o cirurgião, dizendo que tinha sido obrigada a fazer um aborto.

Este episódio repetiu-se nos domingos de 2 e 9 de Novembro. Numa das ocasiões, a mulher chegou a abordar o pároco com o intuito de denegrir a imagem do médico.

Em consequência das várias cenas, o Ministério Público do Porto acusa agora a alternadeira por vários crimes – extorsão, coacção agravada, ameaça agravada, perturbação da vida privada e dano. Está em liberdade, sujeita apenas a termo de identidade e residência. Não há data para o julgamento.

Arguida queixou-se de “violação”

A “perseguição” ao médico-cirurgião plástico e família estendeu-se até Abril do ano passado. A última queixa registada diz respeito a estragos provocados na viatura da mulher do clínico.

A 27 de Abril, com um objecto cortante, riscou a pintura. No dia anterior, e num momento em que o clínico passeava a pé com a esposa na Avenida Fernão de Magalhães, a agressora apareceu e fez o seu carro galgar o passeio. De seguida, dando a entender que tinha uma arma de fogo, disse que iria matá-los e ameaçou que iria cortar-lhes os pescoços.

Antes disso, ainda em 2008, quando percebeu que o relacionamento estava terminado, a arguida apresentou contra o médico uma queixa por “violação”. O processo que ainda corre no Ministério Público de Braga, mas deverá ser arquivado.»
Texto in JN online, 28-6-2010

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