sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Leitura (ainda a decorrer) do acórdão do processo Casa Pia: Dados como provados crimes de todos os arguidos



«O colectivo de juízes que julga o processo Casa Pia deu como provados factos cometidos por Carlos Silvino, Manuel Abrantes, Jorge Ritto, Carlos Cruz, Ferreira Diniz, Hugo Marçal e Gertrudes Nunes. Os três juízes estão a ler, de forma alternada, apenas uma súmula do acórdão, tendo começado pelos factos dados como provados.

No caso de Manuel Abrantes, ex-provedor-adjunto da Casa Pia, apenas um dos factos constantes da acusação não foi dado como provado. Foram também provados crimes de Carlos Cruz numa casa de Lisboa, na Avenida das Forças Armadas, e de Elvas. Igualmente dados como provados estão acusações de lenocínio feitas a Gertrudes Nunes e Hugo Marçal relativamente a abusos cometidos na casa de Elvas.

A leitura do acórdão estava prevista para as 9.30 horas, mas a juíza Ana Peres, que preside, deu início à sessão cerca das 10.45 horas.

À chegada ao tribunal, o ex-casapiano Pedro Namora mostrou-se, convicto de que todos os arguidos serão condenados e disse esperar que hoje mesmo voltem à prisão.

Já o arguido Ferreira Diniz disse que a Justiça irá ser feita e mostrou-se convicto na sua absolvição.

Manuel Abrantes disse, por sua vez, estar nervoso e ansioso, confessando estar preparado para ser condenado.

Hugo Marçal mostrou-se tranquilo e calmo "como sempre esteve durante o processo".

Questionado sobre se espera ser absolvido, o ex-embaixador Jorge Ritto respondeu: "Se se fizer justiça espero".

O ex-apresentador Carlos Cruz escusou fazer qualquer comentário antecipado, remetendo declarações para uma conferência de imprensa às 17 horas.

Carlos Silvino, conhecido por "Bibi", chegou ao Campus de Justiça numa viatura descaracterizada e entrou pela garagem. Também as vítimas entraram directamente através da garagem, para evitar o contacto com a comunicação social.

Um dos advogados do ex-motorista da Casa Pia, Ramiro Miguel, considerou que será uma "injustiça" se o seu cliente for o único condenado no processo.

Processo "demasiado longo"

Assumindo-se "emocionado" com a chegada do fim de um processo que classificou como "demasiado longo", Pedro Namora - um dos rostos das denúncias de abusos sexuais na instituição - revelou que muitas das vítimas não conseguiram dormir esta noite, tamanha é a ansiedade.

"Estes jovens andam à procura de justiça há oito anos", referindo-se às vítimas de abusos sexuais na Casa Pia, algumas das quais estarão hoje, sexta-feira, presentes no Campus da Justiça e às quais Pedro Namora pretende dar "um grande abraço".

O colectivo de juízes presidido por Ana Peres, coadjuvada por Lopes Barata e Ester Santos, deverá proferir a decisão sobre a inocência ou culpa dos sete arguidos, acusados de crimes de abuso sexual, acto sexual com adolescente e lenocínio, entre outros.

O ex-casapiano aproveitou para criticar "alguma comunicação social que, nestes últimos dias, tem preferido "revelar os destinos paradisíacos das férias dos arguidos em vez de falar do sofrimento das vítimas".

Adelino Granja, outro dos rostos das denúncias de abusos sexuais na Casa Pia, também já se encontra no interior do tribunal, tendo chegado minutos depois da ex-provedora da instituição Catalina Pestana.»
Texto in JN online, 03-9-2010

Sem comentários:

Enviar um comentário