domingo, 15 de agosto de 2010

Assassinato de Rosalina Ribeiro: Meio Brasil à procura de Gisele, outro meio à espera que Duarte Lima conte o que sabe



«Há duas chaves que podem ajudar a abrir a porta que encerra o mistério do assassinato de Rosalina Ribeiro, em Dezembro passado, nas imediações do Rio de Janeiro, Brasil. Uma chama-se Gisele. É quarentona, loura e suposta amiga da vítima. O problema é que, para além da falecida, mais ninguém parece conhecê-la.

Melhor: Duarte Lima, ex-deputado do PSD e advogado da septuagenária morta - que durante 32 anos foi companheira do milionário Tomé Feteira, e que até há pouco lutava nos tribunais por um quinhão da herança - terá visto a misteriosa mulher. Foi ele quem, cerca de 15 minutos antes do homicídio, deixou a vítima com a estranha que não deixa sossegar a polícia brasileira, há oito meses atrás de uma espécie de fantasma.

Rosalina encontrou-se com o seu advogado, Duarte Lima, na noite de 7 de Dezembro. Conversaram a propósito de escrituras e terrenos no Brasil, na zona mais turística de Angra dos Reis ao Rio de Janeiro e até Búzios. Bens que em tempos pertenceram ao empresário Tomé Feteira, que já reunira uma das maiores fortunas do mundo, a qual, depois da sua morte, motivou uma das maiores disputas judiciais conhecidas, precisamente entre a sua antiga secretária e companheira e a filha, Olímpia Feteira Menezes.

O encontro entre o advogado e a cliente demorou pouco mais de 30 minutos. Depois, Duarte Lima conduziu Rosalina ao encontro de Gisele, a mulher-mistério que, mesmo parecendo não ser conhecida de ninguém, estaria referenciada (pela vítima e seu advogado) como uma potencial interessada na compra de terrenos.

Rosalina ficou com Gisele e Duarte Lima foi à sua vida. Quinze minutos depois Rosalina estava morta, com tiros no peito e na cabeça. A loura misteriosa desapareceu sem deixar rasto, assim como uma pasta que a antiga secretária transportava e que, supostamente, continha registos de propriedades. O advogado, por sua vez, terá ido para o hotel e, no outro dia, regressou a Portugal.

O corpo de Rosalina havia de ser encontrado a 12 de Dezembro, num local ermo do município de Maricá, ainda com as jóias pessoais. A polícia anunciou, desde o primeiro momento, que o móbil do crime não foi o roubo e inclina-se para a hipótese de alguém estar a tentar apoderar-se de propriedades de grande valor. Como o cadáver não tivesse sido identificado, esteve quase a ser sepultado numa espécie de vala comum. Mas amigos de Rosalina, que estranharam o desaparecimento, acabaram por reconhecê-la. Entretanto, em Lisboa, a 21 de Dezembro, Duarte Lima era informado da morte. Uma surpresa enorme, comunicada na véspera de empreender uma viagem para Hong Kong, conforme contou no início da semana ao PÚBLICO. Prontificou-se a responder por escrito a todas as questões suscitadas pela brigada de homicídios da polícia brasileira.

O inquérito está longe do final e os investigadores pretendem novos esclarecimentos de Duarte Lima acerca de Gisele. Em Lisboa, Olímpia, que devido à disputa judicial com Rosalina não lhe falava há muitos anos, garante não ter recebido qualquer intimação para depor. Também ela afirma não conhecer a misteriosa mulher com quem Rosalina se terá encontrado minutos antes de morrer.

Feteira assumiu dívidas da filha

Filha de uma aventura extraconjugal, Olímpia Feteira Menezes foi aceite pelo empresário e pela mulher, Adelaide. Olímpia garante ao PÚBLICO que o pai sempre a apoiou, assim como a madrasta. No entanto, em 1984 e no ano seguinte, quando a mãe morreu e Olímpia recorreu à ajuda financeira do pai, as relações deterioram-se. O empresário assumiu dívidas da filha e não deixou de a criticar por esta, alegadamente, não ter gerido da melhor forma o dinheiro que lhe dera. Feteira afastou-a da administração da Covina, uma das suas empresas, alegando que a filha era comunista.»
Texto in Público online, 15-8-2010

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