segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Homicídio de Rosalina leva Polícia Judiciária ao Brasil esta semana



«A investigação da morte de Rosalina Ribeiro poderá estender-se brevemente a Portugal, para aprofundar aspectos do depoimento de Duarte Lima no caso, entre outras questões, e alargar-se a mais zonas do Brasil, onde uma equipa da PJ chega esta semana.

A decisão de abrir no nosso país uma investigação ao assassinato de Rosalina Ribeiro, de 74 anos, em Dezembro do ano passado, está dependente desta análise a efectuar pela PJ que irá avaliar se o caso se enquadra na lei portuguesa. Está prevista a abertura de um inquérito quando estejam em causa crimes cometidos por portugueses contra portugueses, ainda que em solo estrangeiro.

Neste momento, para além da necessidade de interrogar Duarte Lima - a última pessoa conhecida a ver com vida a portuguesa - as autoridades brasileiras estão concentradas na localização do ou dos autores materiais do crime, não restando dúvidas de que se tratou de uma "morte encomendada", ao que tudo indica relacionada com a herança do magnata Lúcio Thomé Feteira.

A forma como Rosalina foi assassinada, com tiros no peito e na cabeça, e a própria arma usada, um revólver de calibre 38, não se enquadram nos padrões de criminalidade semelhante do Rio de Janeiro, em que, por norma, são usadas armas automáticas e o corpo desaparece. O cadáver de Rosalina foi deixado na beira de uma estrada e o facto de o(s) assassino(s) nem sequer terem levado as valiosas jóias que Rosalina usava é outro aspecto que reforça esta convicção. Nesse sentido, as investigações estarão já a ser alargadas a outros pontos do Brasil e poderão ter resultados em breve.

Quanto aos depoimentos de Duarte Lima, por telefone e por fax, as dúvidas das autoridades brasileiras mantêm-se, nomeadamente quanto ao encontro entre o advogado e Rosalina na noite do crime. Rompendo com todos os seus hábitos, relacionados com o seu pavor pela violência no Rio de Janeiro, Rosalina saiu a pé e percorreu cerca de 300 metros da Avenida da Praia do Flamengo, em direcção ao restaurante Alcaparra, onde era suposto ter jantado com Duarte Lima, como confidenciou a amigas.

Um dos dois porteiros permanentes do prédio onde Rosalina residia atesta isso mesmo, com alguma relutância, pois o assunto é sempre abordado com desconfiança. "Ela só saía com o táxi à porta, ou com amigos. Não me lembro de a ver sair a pé à noite", conta ao JN. De resto, o funcionário descreve Rosalina como uma pessoa "simpática", mas "reservada", mesmo em relação aos vizinhos do prédio. "Ela agora passava pouco tempo cá", diz ainda.

Duarte Lima disse às autoridades brasileiras que apanhou a cliente no caminho, com o seu carro, e que falaram numa cafetaria próxima, que não identificou, levando depois a sua cliente até uma localidade, a cerca de 65 quilómetros, onde deixou Rosalina com uma mulher que não foi ainda identificada ou localizada. O seu corpo foi encontrado no dia seguinte, a cerca de 30 quilómetros, na beira de uma estrada.»
Texto in JN online, 23-8-2010

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