Uma amiga íntima de Rosalina Ribeiro, no Brasil, desmentiu à polícia a versão de Duarte Lima e garantiu que foi o advogado português quem contactou a ex-companheira do milionário Tomé Feteira, em Dezembro, quando acabou morta em Maricá. "No dia 5 de Dezembro, Rosalina disse-me que tinha recebido uma chamada do advogado de Portugal, que lhe disse que no dia 7 alguém iria procurá-la ", revelou Alcina Duarte à polícia, acrescentando que o advogado não disse o nome da pessoa que ia procurá-la "pois os telefones podiam estar grampeados" (sob escuta). No depoimento prestado a 31 de Março, Alcina diz ainda estranhar o facto de Rosalina marcar um encontro à noite porque "tinha muito medo de andar sozinha".
A amiga da portuguesa, assassinada a 7 de Dezembro, adianta também que Rosalina nunca lhe falou em nenhuma Gisele. Segundo Alcina, a ex-companheira de Tomé Feteira dava-lhe conta de todas as suas deslocações e, dessa vez, não lhe referiu qualquer encontro com uma mulher em Maricá.
Foi, aliás, Alcina quem estranhou o facto de a amiga não aparecer em casa e contactou o seu advogado brasileiro que, no dia seguinte, fez o registo do desaparecimento na polícia. Uma outra testemunha ouvida pela polícia brasileira, Jaime Moreira, que trabalhou muitos anos para Tomé e Rosalina, disse achar "muito estranho" a deslocação de Duarte Lima ao Brasil, porque Rosalina tinha viagem marcada para Portugal a 12 de Dezembro. Esta foi uma questão que os investigadores colocaram ao ex-deputado.
Duarte Lima explicou que se deslocou a Belo Horizonte e que quando Rosalina soube que estava no Brasil pediu-lhe para se encontrarem no Rio, o que aconteceu na noite de 7 de Dezembro num café no bairro do Flamengo. Depois, Duarte Lima levou--a, a seu pedido, a Maricá, onde diz que a deixou na companhia de uma mulher loira, de nome Gisele.
JUDICIÁRIA QUER IR AO BRASIL
Investigadores da Polícia Judiciária (PJ) poderão ir ao Brasil no âmbito do homicídio de Rosalina Ribeiro, tendo sido já feito o pedido ao adido policial em Portugal. "Em obediência ao princípio da legalidade e face às notícias sobre o caso, algumas tendo como fonte as autoridades brasileiras, a PJ solicitou informações que possam indiciar o eventual envolvimento de cidadãos portugueses no crime", explicou o director nacional adjunto da PJ, Pedro do Carmo.
DUAS VIAGENS EM 14 DIAS
Entre 21 de Novembro e 8 de Dezembro, Duarte Lima deslocou-se duas vezes ao Brasil. Na primeira vez, o advogado português entrou e saiu do País pelo Rio de Janeiro, enquanto da segunda, entre 5 e 8 de Dezembro, – altura em que Rosalina foi assassinada –, aterrou e embarcou em Belo Horizonte (Estado de Minas Gerais), tendo viajado de carro para o Rio de Janeiro. No inquérito à morte de Rosalina foram juntos os registos das últimas viagens do advogado. A polícia também pediu os dados das deslocações de Olímpia Feteira, com quem Rosalina tinha uma disputa judicial pela herança, mas não encontrou qualquer coincidência de datas.
DUARTE LIMA MANTÉM SILÊNCIO
Em mensagem enviada por telemóvel ao CM, Duarte Lima afirmou que não vai dar "entrevistas nem discutir pormenores do processo na Comunicação Social. Germano Marques da Silva, o advogado de Duarte Lima, disse sexta-feira que o seu cliente já prestou esclarecimentos às autoridades brasileiras por três vezes sobre o seu último encontro com Rosalina Ribeiro e considerou "intolerável" estabelecer qualquer relação entre Duarte Lima e a morte da sua cliente.»
in CM online, 14-8-2010
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