«Um militar da GNR de Albufeira, do Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação, falsificava documentos de identificação de vítimas mortais de acidentes e com eles obtinha empréstimos bancários. Estava a ser investigado desde 2008.
O militar, de 34 anos, natural de Santiago do Cacém, estava ao serviço da GNR desde 1996. Passou pelo posto territorial de Lagoa e depois foi integrado na extinta Brigada de Trânsito de Albufeira. Estava no Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação (NICAV) do Destacamento de Trânsito de Faro (que está sediado em Albufeira) há quatro anos.
A investigação acabou por confirmar as ilegalidades que a própria GNR detectou e denunciou ao Ministério Público em 2008. No âmbito da suas funções, o militar deslocava-se aos locais onde ocorriam graves acidentes rodoviários, sendo também responsável por algumas das investigação às causas dos sinistros. Tinha, por isso, fácil e livre acesso a informações privilegiadas e aos documentos das vítimas.
Fotocopiava-os e falsificava-os, trocando a fotografia pela sua e os restantes dados pessoais permaneciam inalterados. Depois, contraía empréstimos bancários em nome das vítimas mortais. Mas o facto de ter sido várias vezes apanhado por colegas a remexer em processos – alguns até já arquivados – levantou suspeitas.
O militar foi investigado ao longo de cerca de dois anos sem nunca se ter apercebido da investigação, período durante o qual os inspectores da Directoria do Sul da Polícia Judiciária reuniram indícios suficientes para sustentar as suspeitas.
Acabou por ser constituído arguido no dia 15 de Julho. Foram feitas buscas domiciliárias e no Destacamento de Trânsito e apreendidos vários documentos.
Baixa psicológica
O suspeito foi imediatamente afastado do NICAV e durante alguns dias manteve-se no destacamento apenas a fazer serviço de secretaria e agora está de baixa psicológica, enquanto decorre um processo interno de averiguações.
Ninguém da GNR de Albufeira se mostrou disponível para falar sobre o caso, embora os colegas, que foram apanhados de surpresa pela notícia, o considerem militar empenhado, pessoal e profissional estimado.
O militar, casado e com dois filhos menores, estaria a atravessar um período de muitas dificuldades económicas – parte do vencimento está a ser penhorado – e terá conseguido com que pelo menos um banco lhe concedesse um empréstimo de 7500 euros, embora se admita que o valores em causa possam ser bastante mais elevados e que haja mais bancos enganados.
Do Comando Territorial de Faro da GNR ninguém quis comentar o caso e a Directoria do Sul da Polícia Judiciária também não se mostrou disponível para prestar esclarecimentos sobre o assunto.»
Texto in JN online, 05-8-2010
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