O luso-americano Allan Guedes Sharif foi hoje condenado pelo Tribunal de Mangualde a 17 anos de prisão efetiva pelos crimes de burla qualificada, extorsão e branqueamento de capital que lesaram instituições financeiras de vários países.
Do grupo de oito arguidos deste processo, que começou a ser julgado em janeiro deste ano, apenas foi condenado também a prisão efetiva o tio de Allan Sharif, José Guedes, na pena única de 12 anos, pelos mesmos crimes.
Provado envolvimento do tio
No total, Allan Sharif e seu tio José Guedes cometeram 10 crimes de burla qualificada, nalguns dos casos em co-autoria com os filhos e o genro deste e um amigo da família, Horácio Sousa. Quanto aos 17 crimes de extorsão cometidos, apenas ficou provado o envolvimento do sobrinho e do tio.
Os filhos de José Guedes Nuno, Marisa, Carla e o seu marido Carlos Oliveira foram condenados a um ano e três meses de prisão suspensos por igual período, enquanto à filha Cláudia o tribunal aplicou, em cúmulo jurídico, uma pena de três anos e oito meses de prisão suspensa, mas sob regime de prova. Horácio Sousa foi condenado a três anos de prisão suspensa.
Allan terá de pagar ao Estado mais de €95 mil
Uma vez que não houve apresentação de queixa, todos os arguidos foram também condenados a pagar ao Estado, solidariamente, €193.278. Allan Sharif terá ainda de pagar ao Estado €96.050 euros e José Guedes 171.661 euros.
O tribunal considerou que os arguidos "não colaboraram de forma à descoberta da verdade", uma vez que José Guedes e Horácio Sousa não prestaram depoimento e os restantes "se limitaram à confissão dos factos já evidenciados por outros meios de prova".
"Recurso é certo"
Em declarações aos jornalistas, o advogado de Allan Sharif considerou que, "tendo em conta o que se passou ao longo das várias sessões", a pena do seu cliente foi "demasiado excessiva".
"O acórdão é demasiado extenso, foi lido de forma resumida, vamos analisá-lo", afirmou, garantindo, no entanto, que o recurso é certo.
A mesma certeza deixou Noémia Correia Pires, advogada de defesa da família Guedes, que se mostrou indignada com as penas, porque "não há uma única prova direta" que tivesse sido provada durante o julgamento.
"Condenados antes dos juízes saírem do gabinete"
"Esta gente estava condenada antes de os senhores juízes saírem do gabinete. E começaram a ser condenados em fase de inquérito, quando se ouviram 32 testemunhas para memória futura", frisou. Por isso, considera que "este julgamento só tem um destino, que é a nulidade", indo recorre com o objetivo de pedir a sua anulação.
Noémia Pires reiterou a acusação de que foram "sonegadas todas as provas" ao seu cliente José Guedes, aludindo a uma pasta preta que foi muito falada durante o julgamento.
"A PJ tem-lhe retido os documentos que levou da casa dele, a tal pasta preta com documentos como consta no processo", frisou.»
Texto in Expresso online, 27-8-2010
Sem comentários:
Enviar um comentário