Num documento enviado às autoridades brasileiras, Duarte Lima diz que, se Rosalina continuasse viva, Olímpia Feteira poderia perder metade dos bens da herança e pede a investigação dos passos da filha do magnata no Brasil, duas semanas antes do crime.
A "petição" apresentada pelos advogados de Duarte Lima, em Abril deste ano, surge pouco tempo depois de o ex-deputado ter tido acesso a cópias do processo e meses após ter na sua posse as 14 perguntas que a Polícia brasileira pretendia fazer-lhe para esclarecer dúvidas deixadas pelos seus relatos anteriores.
O documento é, ao que o JN soube, uma espécie de "defesa" do advogado, apesar de este não ser sequer arguido no processo, e nele Lima continuou a não esclarecer as dúvidas sobre a sua viagem de Belo Horizonte ao Rio de Janeiro, a 6 de Dezembro, na véspera do assassinato de Rosalina Ribeiro. Nem sequer sobre a ida de ambos até Maricá para um encontro com uma mulher de nome Gisele, minutos antes da hora do crime; ou sobre os assuntos que abordou com a sua cliente.
O cenário elaborado pelos advogados iliba Duarte Lima e aponta o dedo a Olímpia Feteira, juntamente com o empresário que explora areias na gigantesca (quase dez milhões de metros quadrados) fazenda da Pedra Grande, um dos legados de Lúcio Thomé Feteira. Ambos estariam envolvidos num negócio de venda da propriedade, no valor de 40 milhões de reais.
Sem nunca referir a palavra suspeita, os causídicos apontam Olímpia como a grande beneficiada pela morte de Rosalina, dando ainda destaque ao clima de conflituosidade entre ambas. Como exemplo desta hostilidade é referido o processo em que Rosalina era acusada por Olímpia de ter desviado cerca de um milhão de euros de uma conta pertencente à herança.
Segundo Lima, com base na sentença das varas cíveis de Lisboa que a legitimou como herdeira de Lúcio Thomé Feteira - cujos contornos se tornaram previsíveis três dias depois do crime - Rosalina poderia tentar anular as várias decisões da Justiça brasileira que não reconheceram a sua "união estável" com o magnata. No final, Rosalina poderia exigir metade da herança, da qual Olímpia seria privada.
Entre os facto dignos de investigação, os advogados de Lima incluem ainda a escolha de um hotel diferente por parte de Olímpia Feteira, durante a estadia no Rio de Janeiro, a partir de 23 de Novembro.
Parte importante neste enredo teria também Arlindo Guedes, dono da "Mineração Santa Joana, Lda", que extrai areias da fazenda administrada por Olímpia, como cabeça-de-casal da herança. Arlindo Guedes terá tentado contactar com Rosalina no dia seguinte ao do seu desaparecimento e terá mesmo enviado um táxi a sua casa para saber se alguma coisa de errado estava a acontecer.
Os advogados de Duarte Lima suspeitaram de todas estas iniciativas do empresário e terão chegado a insinuar que o mesmo já saberia do que tinha acontecido a Rosalina. Este empresário já foi interrogado pelas autoridades brasileiras e não fará parte do rol de suspeitos.
Tendo por base este quadro, os advogados pediram formalmente que estes intervenientes fossem sujeitos a investigação, designadamente quanto a chamadas telefónicas efectuadas e a imagens de videovigilância do aeroporto do Rio que documentam a chegada de Olímpia.
Ao que o JN apurou, o documento não terá sido particularmente valorizado na investigação, embora muitas das diligências já tenham sido efectuadas no curso normal do inquérito.»
in JN online, 31-8-2010
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