Por que razão foi ao Brasil para se encontrar com Rosalina quando esta tinha viagem para Portugal na semana seguinte? Por que razão se encontrou com a cliente num café e não na sua casa?
Estas são apenas duas das 14 perguntas que a Polícia Civil do Brasil enviou a Duarte Lima, em Fevereiro, altura em que assumiu que o advogado português é suspeito da morte de Rosalina Ribeiro, companheira e herdeira do milionária Tomé Feteira.
Segundo o inquérito da Justiça brasileira, ao qual o CM teve acesso, Duarte Lima é, claramente, considerado suspeito. A investigação, a cargo do Departamento de Homicídios do Rio de Janeiro, foi iniciada a 29 de Janeiro e logo a 9 de Fevereiro foram enviadas por e-mail 14 questões dirigidas a Duarte Lima, última pessoa a ver Rosalina com vida. Aliás, seis dias depois o ex--deputado contratou dois advogados brasileiros e a 18 de Fevereiro pediu o levantamento do sigilo à Ordem dos Advogados.
Segundo o advogado português – que tomou a iniciativa, a 12 de Dezembro, de enviar um e-mail à polícia a dar conta do desaparecimento de Rosalina, informando logo que a tinha deixado, na noite de 7 de Dezembro, em Maricá (a 90 km do Rio) – este teve um encontro de meia hora com a sua cliente num café perto da sua casa, no bairro Flamengo, e levou-a, depois, a seu pedido a Maricá, onde a deixou com uma mulher loira de nome Gisele.
No entanto, a polícia não acredita na versão. 'Nenhuma das pessoas entrevistadas se lembra de ter visto Rosalina na companhia de uma mulher loira', lê-se no inquérito, onde os investigadores acrescentam: 'Após exame e análise de todo o material não se detectou nenhum detalhe que corrobore a versão de Duarte Lima'.
O CM tentou durante todo o dia de ontem, sem sucesso, entrar em contacto com Duarte Lima para obter uma reacção à posição da polícia brasileira.
DELEGADO DO CASO BRUNO
Felipe Renato Ettore, o delegado (inspector) do Rio de Janeiro que investiga a morte de Rosalina Ribeiro, ingressou na polícia há 15 anos como oficial de cartório. Passou a delegado a 17 de Novembro de 2008, e a sua ascensão na carreira foi meteórica. Depois de fazer sucesso chefiando esquadras de regiões muito violentas do Rio, comanda há menos de um ano, com apenas 37 anos, a Divisão de Homicídios. Pelas suas mãos já passaram outros casos de grande repercussão, como o que envolve o ex-guarda-redes do Flamengo, Bruno, suspeito de matar a amante. Foi ele quem o ouviu em primeiro lugar.
FILHA FORA DO TESTAMENTO
A guerra travada por quase dez anos entre Olímpia Feteira, filha do milionário Lúcio Tomé Feteira, e Rosalina Ribeiro, que durante 32 anos foi amante e secretária dele, começou assim que foi conhecido o testamento deixado pelo empresário, que morreu dia 15 de Dezembro de 2000, aos 98 anos. Feteira deixou Olímpia de fora da parte da herança testamentária e contemplou Rosalina. Mas a filha e outros herdeiros reclamaram nos tribunais.
No documento, lavrado a 3 de Fevereiro de 1999, Feteira deixou 15% da fortuna para Rosalina, 80% para a criação da Fundação Família Feteira, destinada a receber idosos carenciados mas que até agora não se concretizou, e 5% para uma sobrinha. Mas Olímpia e outros interessados, nomeadamente os herdeiros de Adelaide Guerra dos Santos Feteira, mulher do milionário que morreu anos depois dele, contestaram nos tribunais portugueses a parte de Rosalina e o processo arrastou-se. No dia 10 de Março deste ano, a Justiça deu ganho de causa a Rosalina, garantindo-lhe a sua parte na herança, mas de nada lhe valeu. A portuguesa tinha sido assassinada três meses antes, a 7 de Dezembro. No Brasil, porém, Rosalina viu ser-lhe negado o reconhecimento de união estável com o empresário.»
in CM online, 12-8-2010
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