«Um homem, de 42 anos, foi morto a tiro pelo próprio pai, de 72, no Sobralinho, Vila Franca de Xira, na sequência de uma discussão associada ao consumo de droga por parte da vítima. O pai estaria alcoolizado e cansado de ver o filho só com "más companhias".
Foi o próprio irmão da vítima, Carlos Costa, quem adiantou ao JN as discussões constantes que há muito abalavam a família, normalmente associadas à vida de Luís Costa. "O meu irmão chegava a consumir droga aqui em casa e o meu pai não suportava essa situação. Havia discussões constantes", contou Carlos Costa.
No entanto, o irmão da vítima sempre pensou que o pai, Luís Espalha, se virasse contra a mãe e nunca contra o filho: "A minha mãe levava muita pancada do meu pai, mais ainda quando ele se zangava com o Luís. Era a minha mãe quem pagava sempre".
Foi o próprio irmão da vítima, Carlos Costa, quem adiantou ao JN as discussões constantes que há muito abalavam a família, normalmente associadas à vida de Luís Costa. "O meu irmão chegava a consumir droga aqui em casa e o meu pai não suportava essa situação. Havia discussões constantes", contou Carlos Costa.
No entanto, o irmão da vítima sempre pensou que o pai, Luís Espalha, se virasse contra a mãe e nunca contra o filho: "A minha mãe levava muita pancada do meu pai, mais ainda quando ele se zangava com o Luís. Era a minha mãe quem pagava sempre".
Carlos Costa está revoltado com a acção do pai, mas custava-lhe, também, ver o irmão consumir droga na casa paterna e levar para casa “gente da noite, más companhias”. Luís Espalha, reformado, não suportava a vida do filho, que vivia em sua casa, uma vivenda no Sobralinho, há cerca de três anos, na sequência de um divórcio.
Luís Costa era motorista de um autocarro numa empresa de transportes colectivos, mas à noite saía muito e com companhias que não agradavam ao pai, muito menos quando trazia os amigos para casa. “Eu até o percebia, já está a ver, uma pessoa com idade e a ver aquelas coisas. Eu vivo em Marinhais, mas cheguei a assistir aqui em casa a discussões entre o meu pai e o meu irmão. Eu perguntava-lhe porque é que ele respondia ao velho, mas ele só me dizia que o irritava”, recorda Carlos Costa.
O comportamento de Luís Espalha agravava-se a seguir ao almoço, com o álcool. De manhã, dizem familiares, ainda se conseguia falar com ele, mas à tarde era impossível, Luís Espalha transfigurava-se, contrariava toda a gente e tornava-se agressivo, ameaçando de morte quem apanhava à frente.
O carácter de Luís Espalha era há muito tido por violento, mas agravou-se com a morte, primeiro, de uma filha, depois, de um outro filho, ambos de morte por acidente. O falecimento da filha há seis anos deixou-o transtornado, mas a morte do filho, um condutor de camiões TIR que perdeu a vida nas estradas espanholas, deitou-o completamente abaixo.
O álcool por companhia
O álcool tornou-se a companhia habitual do idoso e a relação com a mulher agudizou-se de tal forma que o casal passou a dormir em quartos separados. “A minha mãe era uma moura de trabalho, só servia para trabalhar”. E a vida do filho Luís ligada à droga e à noite apenas agravou o estado de espírito de Luís Espalha. Os vizinhos assistiam com frequência às confusões geradas pelo idoso, mas “ninguém ligava muito”, adiantou Angelina Lopes, que reside perto da casa do idoso. “Ouvíamos as ameaças mas achávamos que não passavam disso”.
Na sexta-feira, cerca das 20 horas, no entanto, Angelina ouviu o idoso a gritar "roubam-me tudo" e pouco depois ouviu aquilo que lhe pareceu ser o disparo de uma arma. Manteve o olhar na casa de Luís Espalha e viu um amigo do filho a gritar e a pedir socorro e pouco depois o idoso saltava o muro da casa, subindo a rua.
Já tinha havido mais uma discussão, mas desta vez a situação parecia ser mais grave. “O meu marido até me disse para eu chamar o 112”. No meio da confusão, o corpo de Luís Costa jazia junto ao portão da casa e aparentemente preparava-se para sair quando o pai o atingiu com um único tiro no abdómen.
Luís Espalha refugiou-se no quarto com a caçadeira, uma arma com um cano, que lhe ficara de herança, onde a PSP o veio a deter sem resistência, apreendendo a arma, mas antes ainda telefonou a um lavrador para quem fazia uns biscates. “Segunda-feira não vou trabalhar, matei o meu filho”, disse no telefonema, pouco antes da chegada da PSP.
A investigação do caso foi entregue à Polícia Judiciária, que o deve apresentar hoje no Tribunal de Vila Franca de Xira. Carlos Costa gostava de confrontar o pai com aquilo que aconteceu. “Queria perguntar-lhe por que é que ele matou o meu irmão, o próprio filho. Por que é que ele fez aquilo?”.»
Texto in JN online, 23-8-2010
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