domingo, 1 de agosto de 2010

Presidente da Câmara de Rio Maior denuncia namorado Alexandre Fonseca após cinco anos de agressões




«Após cinco anos de agressões físicas e psicológicas, e aconselhada por amigos, a presidente da Câmara de Rio Maior decidiu pôr cobro à violência e apresentou queixa na Polícia Judiciária contra o companheiro. O homem foi a tribunal, mas regressou à liberdade.

Muitos viram as nódoas negras no corpo, mas quando questionada sobre a origem Isaura Morais justificava com quedas ou pequenos acidentes domésticos. As dúvidas de muitos habitantes de Rio Maior, nomeadamente dos que privam de perto com a autarca, ficaram dissipadas ontem, quando as agressões foram conhecidas publicamente.

A presidente da Câmara, que destronou o "dinossauro" Silvino Sequeira (PS) - que governou a autarquia durante 24 anos -, e arrebatou a autarquia para o PSD em Outubro último, era vítima de violência doméstica. Ameaçada de morte, e após cinco anos de "tortura psicológica e violência física", Isaura Morais, 43 anos, apresentou queixa, anteontem, na Polícia Judiciária de Leiria. O seu companheiro, Alexandre Fonseca, de 41 anos, foi detido por posse ilegal de quatro armas: duas de fogo do século passado e duas facas. As armas apreendidas foram encontradas pelos inspectores no quarto onde o casal dormia, na residência da autarca.

O indivíduo foi ontem de manhã levado ao Tribunal de Peniche e ouvido apenas pela procuradora adjunta do Ministério Público. Apesar dos "indícios de violência doméstica e das alegadas ameaças de morte à autarca", Alexandre manteve o termo de identidade e residência e saiu em liberdade. Segundo apurou o JN, o homem não foi ouvido pelo juiz de instrução criminal, para aplicação das medidas de coacção, tendo o processo passado a inquérito.

A decisão deixou preocupados amigos e conhecidos da autarca, que temem que "aconteça algo de trágico". Contactados pelo JN, alguns habitantes da cidade asseguraram que o companheiro da presidente "é um homem muito possessivo, com uns ciúmes levados ao extremo".

Fonte policial confirmou ao JN que o relacionamento tinha terminado e que o suspeito "pressionava a vítima para que voltasse a viver com ele". E é neste contexto, revela a fonte, que "surgem as ameaças de morte", dado que a autarca "tinha conhecimento da existência das armas".

Assegurado o anonimato, alguns populares recordaram ao JN o dia em que Isaura tomou posse como presidente da Junta de Freguesia de Rio Maior, em Novembro de 2005. "Nesse dia ela tinha umas nódoas negras no corpo e disse que tinha caído", contaram. Outros afiançam ter ouvido "algumas discussões" entre o casal que "pareciam ser próprias de marido e mulher". Nada, asseguram, que viesse a supor que Isaura fosse agredida pelo companheiro.

Assembleia Municipal

Depois de ter passado a tarde de anteontem no Departamento de Investigação Criminal de Leiria da Polícia Judiciária, a presidente da Câmara saiu ontem de casa, localizada numa das avenidas do centro de Rio Maior, "com um ar triste". Apesar do "drama pessoal" participou durante a tarde na Assembleia Municipal, despachou alguns processos na Câmara e depois ausentou-se.

"A senhora presidente não irá falar de algo que apenas diz respeito à sua vida privada", assegurou fonte da autarquia, que enalteceu "a coragem" demonstrada por Isaura, garantindo que "ela é mais um exemplo do flagelo que atinge também figuras públicas".

O suspeito não tem profissão conhecida, e segundo alguns populares vive de "biscates" que envolvem stands de automóveis e sucateiras.»
Texto in JN online, 01-8-2010

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