quinta-feira, 22 de julho de 2010

Caso do autodenominado "rei Ghob": Vídeo gravado em cemitério foi chave para a PJ

«Suspeito de triplo homicídio esteve sob vigilância da PJ antes de ser detido. O seu 'Audi A4' já foi sujeito a perícias. A PJ analisou à lupa todos os vídeos de 'rei Ghob' na Internet. (veja vídeo em baixo)




Francisco Leitão, conhecido na Internet como "rei Ghob", nos dias anteriores à sua detenção esteve durante vários dias sujeito a vigilância policial cerrada.

Antes de ser detido, os investigadores da Unidade Nacional contra o Terrorismo visionaram também todos os vídeos e mensagem que colocou na Internet. "Esse trabalho tinha de ser feito", refere fonte policial. Um vídeo colocado a 20 de Janeiro de 2010 chamou a atenção dos investigadores. A gravação é aparentemente feita no interior do cemitério de Peniche, onde supostamente surge "rei Ghob", que ostenta uma máscara a dançar sobre uma campa. "Esse vídeo suscitou-nos alguma atenção, mas há outros que analisámos...", refere fonte ligada à investigação.

O telemóvel de Francisco Leitão também esteve sob escuta e foram pedidos registos às diferentes operadoras para triangulação do sinal de antenas dos telemóveis das supostas vítimas. "Isso é obrigatório numa investigação policial num caso com estes contornos", refere outra fonte policial.

Contudo, Francisco Leitão continua a não revelar aos investigadores o local onde terá ocultado os três cadáveres.

O seu carro, um Audi A4 (que eventualmente poderia ter sido usado para transportar corpos), foi sujeito a perícias, mas a PJ não divulga o resultado.

A PJ também fez buscas, entre outros locais, num eucaliptal nas imediações da casa acastelada onde Francisco Leitão morava em Carqueja, Torres Vedras. A indicação do local foi dada aos investigadores pelo pai de Ivo, uma das vítimas.

"Não vamos fazer novas buscas às cegas. Mas não estamos dependentes das declarações do suspeito", afirma fonte policial.

Francisco Leitão chegou ontem ao Tribunal de Torres Vedras poucos minutos depois das 14.00 e o forte aparato policial serviu para o proteger de mais de uma centena de populares que o esperavam. Protecção física porque, no curto trajecto a pé a caminho do tribunal, a emoção tomou conta dos presentes. A palavra "assassino" foi repetida até à exaustão entre outros impropérios lançados ao homem algemado.

Já com o suspeito no interior do tribunal entraram elementos da Polícia Judiciária com caixas repletas de documentos.

Francisco Leitão saiu do tribunal quase sete horas depois, pelas 20.40. De novo algemado e rodeado de polícias que o protegeram da multidão em fúria. O suspeito regressa hoje a tribunal, pelas 10.30, para voltar a ser ouvido. A inquirição não foi totalmente feita ontem, já que foi nomeado um defensor oficioso que quis estudar o processo antes de o suspeito ser interrogado pelo juiz.

O autodenominado "rei Ghob" passou a noite de terça-feira no Estabelecimento Prisional da Polícia Judiciária, onde regressou ontem para a sua segunda noite atrás das grades. Francisco não vai ter acesso à Internet na cadeia. Não vai conseguir ler os comentários que agora surgem nos vídeos que colocou online (o último dos quais no domingo, 24 horas antes de ser detido). Nas centenas de comentários colocados nas últimas horas, a grande maioria é para o ofender e desejar a pior sorte possível.




in DN online, 22-7-2010

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