«Francisco Leitão quis matar o marido da Tânia, a primeira vítima do sucateiro, segundo adiantou ao JN o sogro de Tânia, João Ramos, numa altura em que o casal estava a ter disputas frequentes, em parte devido à relação extraconjugal que ela mantinha com Ivo Delgado, a segunda vítima.
"Um dia, esse, o Francisco Leitão, veio para aí, à noite, e vinha na intenção de matar o meu filho, o Nuno", contou João Ramos. "Sabe, o meu filho era camionista e estava pouco tempo em casa e ela queixava-se disso e foi nessa altura que ela começou a andar com o Ivo. Dizia que o meu filho lhe dava pouca atenção".
A disputa foi testemunhada, também, por vários vizinhos do casal, que tinha uma filha, mas o facto ainda levanta mais dúvidas sobre o estranho comportamento de Francisco Leitão, que, por sua vez, manteria uma relação homossexual com Ivo Delgado. Um triângulo que levou à morte, primeiro, de Tânia e, depois, de Ivo.
Tânia chegou, aliás, a dormir com a filha em casa de Francisco Leitão, como recorda João Ramos. "A minha neta assim que viu a casa do Francisco Leitão na televisão disse logo que já lá tinha estado a dormir". A ruptura do casal terá ocorrido pouco antes, com um confronto físico que levou Tânia ao hospital, onde se queixou por agressão do marido à filha, então com dez anos.
Medo da Polícia
Mas a intenção manifesta de ir viver com Ivo, comunicada também a Francisco Leitão, poderá ter feito perder a cabeça ao sucateiro, que receava assim poder ficar sem o jovem. Daí ao desaparecimento de ambos foi um passo e a família de Ivo só desde então começou saber do jovem através das mensagens de telemóveis.
"Recebíamos só mensagens do telemóvel dele. Ele dizia que estava em Espanha a trabalhar e que não podia falar devido à Polícia", contou ao JN Graciete Delgado, irmã do jovem.
A família não estranhou, até porque Ivo já tinha tido problemas com as autoridades devido a furtos e receava as escutas telefónicas. Por outro lado, Francisco Leitão visitava com frequência os pais de Ivo, descansando-os e dizendo que ele estava bem, que trabalha na sucata em Espanha, onde o homicida tinha também negócios. "Até pedia dinheiro aos meus pais para lhe enviar", salientou a irmã de Ivo.
Surpresa ao homicida
Só que era, afinal, Francisco Leitão quem mandava as mensagens, pois tinha ficado com os telemóveis das vítimas. "Ele veio dizer--nos que ela estava em França a trabalhar, que estava bem e pedia--nos para lhe carregar o telemóvel para ela poder falar, por causa do roaming", contou aos jornalistas Fátima Silva, mãe de Joana, a última vítima de Francisco Leitão.
O contacto entre ambos tinha nascido no início do ano, através de Ana Silva, de 22 anos. "Fui eu quem a apresentou ao Francisco Leitão". E a partir daí o grupo passou a encontrar-se no centro comercial Arena, na Lourinhã. Segundo Ana Silva, foi assim também que Joana veio a relacionar--se com Luís.
Luís tinha problemas com a Polícia e o amor com Joana rapidamente nasceu, conduzindo aos ciúmes do sucateiro. "A última mensagem, que ainda era dela, era a dizer que se iam encontrar com o Francisco , mas pedia para ninguém dizer nada ao Francisco, queria fazer-lhe uma surpresa".»
Texto in JN online, 22-7-2010
Sem comentários:
Enviar um comentário