quinta-feira, 22 de julho de 2010

Caso Francisco Leitão: Polícia Judiciária acredita na tese dos homicídios e que as vítimas foram enterradas

«A Polícia Judiciária (PJ) garante possuir provas materiais que demonstram que os três jovens desparecidos em Junho de 2008 e Março deste ano, no concelho da Lourinhã, foram assassinados pelo sucateiro de 42 anos que foi detido na madrugada de terça-feira, junto sua residência, no lugar de Carqueja. Apesar dos corpos ainda não terem sido encontrados, existe a convicção que as três pessoas terão sido mortas com recurso a armas brancas. As buscas para os encontrar estão a processar-se no triângulo compreendido entre Peniche, Lourinhã e Torres Vedras.





Ontem à tarde, quando o homem conhecido como "Xico Avião" e "Ghob, o Rei dos Gnomos", deu entrada no Tribunal de Torres Vedras, uma multidão aguardava-o com impropérios, tendo algumas pessoas chegado a agredi-lo a murro e com sapatos arremessados à cabeça. A convicção da sua culpa é, de resto, a mesma que fontes policiais têm quando garantem que assassinou em 2008 Ivo Delgado, de 22 anos, Tânia Ramos, de 27 e, já este ano, Joana Correia, de 16.

Foi o desaparecimento desta última jovem que levou os inspectores da Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo (UNCT) da PJ às provas que agora se garante poderem incriminar o suspeito. Joana Correia estava dada como desaparecida, sendo o seu caso investigado por uma outra secção da PJ, quando, em Março, se reuniram indícios de que poderia ter sido sequestrada, entrando então a UNCT em acção.

À medida que investigavam o desaparecimento de Joana surgiram no caminho dos inspectores indícios do eventual homicídio das duas outras vítimas. O sucateiro de Carqueja, que alegadamente terá atraído as vítimas para uma mata, ou que para aí as transportou de carro depois de as ter matado com golpes de armas brancas, cometeu o erro de, com o passar do tempo, utilizar alguns dos bens que lhes retirou, nomeadamente telemóveis.

No caso de Tânia Ramos, que o suspeito terá feito constar ter ido para o estrangeiro à procura de trabalho, há mesmo um pormenor que nunca convenceu a PJ relativamente às causas do desaparecimento. É que a mulher tinha, a 5 de Junho de 2008, quando desapareceu, uma menina de quem nunca se afastava. Familiares, amigos e conhecidos nunca acreditaram que tivesse abandonado a criança e nunca mais comunicasse.

O sucateiro terá matado esta mulher depois de, alegadamente, a outra vítima de 2008 ter iniciado com ela uma relação amorosa, terminando a que manteve com o suspeito. Foram os ciúmes que o terão levado ao primeiro crime e a necessidade de o ocultar que o levaram, três semanas mais tarde, a matar a segunda pessoa. Quanto a Joana, desaparecida em Março deste ano, terá cometido o erro de namorar com um rapaz de quem se dizia que seria pretendido pelo suspeito. Foi com estas versões, assim como outras colhidas pela PJ, que o detido começou ontem a ser confrontado por um juiz de Torres Vedras, num interrogatório que decorreu até às 20h30 e será retomado esta manhã, pelas 10h00.»

Texto in Público online, 22-7-2010

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