quinta-feira, 22 de julho de 2010

Francisco Leitão "É o Charles Manson de Torres Vedras", diz o criminologista Barra da Costa

«A casa habitada por Francisco Leitão, suspeito do homicídio de três jovens, é o rosto da personagem que ele criou: um castelo que mistura um imaginário infantil e negro sem o alhear da realidade. "É o Charles Manson de Torres Vedras", afirma ao JN Barra da Costa.


- Casa de Francisco Leitão -



Os elementos conhecidos do triplo crime perpetrado pelo homem de 40 oferecem poucas dúvidas a Ana Rodrigues, psicóloga criminal. "Aquele indivíduo criou uma personagem - a de rei dos gnomos - na qual acredita e faz os outros acreditarem, sobretudo os jovens com quem mantinha algum tipo de ligação e que, de resto, o defendem. Terá ganho ascendente sobre eles através de um misto de sobrenatural - anunciou o fim do mundo na internet - com ilusionismo e truques de magia. Estava perfeitamente consciente do que estava a fazer, o que elimina a hipótese da inimputabilidade. A motivação foi passional".

A prova dessa consciência, acrescenta, "são as seis câmaras de vigilância colocadas em casa e as janelas emparedadas, o que significa uma necessidade de controlar e, ao mesmo tempo, de se proteger, de não ser vigiado". O homem detido na madrugada de terça-feira é suspeito da morte de duas raparigas, de 16 e 27 anos, e de um rapaz de 22 anos.

A especialista é mais prudente em relação à possibilidade de estarmos perante um assassino em série: "Um serial killer mata três ou mais pessoas durante um período de tempo ligeiramente curto com intervalos de arrefecimento emocional. Mas, neste caso, há ainda poucos dados para fazermos este tipo de catalogação".



- Francisco Leitão,suspeito do homicídio de três jovens -


O criminologista e antigo inspector-chefe da Judiciária, José Barra da Costa, não descarta esta tese, mas concentra-se nas características do suspeito para estabelecer uma comparação entre o português e o norte-americano Charles Manson, líder de um grupo que declarou ódio à Humanidade e que cometeu vários assassinatos, como o da actriz Sharon Tate, mulher do realizador Roman Polanski. "Este indivíduo tem um estatuto a defender perante o grupo que criou. Tem um discurso apocalíptico mas, ao mesmo tempo, revela ingenuidade. Não entende que a visibilidade conseguida através dos vídeos colocados no YouTube e a utilização do telemóvel das vítimas para enviar mensagens à família como se estivessem ainda vivas facilitariam a investigação à polícia".

E é justamente ancorado na sua experiência como investigador que Barra da Costa, autor do livro "Filhos do Diabo, assassinos em série, satânicos e vampirescos", não menospreza a homossexualidade de Francisco Leitão. "Em termos criminais, o homossexual é um indivíduo violento. Por norma, o conflito faz muito sangue, muitas facadas, raramente usa arma de fogo. Há uma relação de grande emocionalidade com a homossexualidade." Daí que, apesar de ainda não haver corpos, o especialista afirma que ficará "surpreendido" se se vier a descobrir que os crimes foram praticados sem violência. E acrescenta ainda que não ficaria "admirado" se os corpos estiverem escondidos na própria casa do suspeito.

Apesar de ainda estarmos no vulnerável terreno das suspeições, Barra da Costa acredita que "Almeida Rodrigues, director geral da PJ, não iria penhorar a sua boa fama conseguida em casos anteriores, se não tivesse já um número considerável de provas." »


- José Martins Barra da Costa, criminologista e antigo inspector-chefe da Judiciária -


Texto in JN online, 22-7-2010
Imagens in Google

Sem comentários:

Enviar um comentário