A Polícia Judiciária (PJ) já não tem qualquer dúvida de que os três jovens que se viram envolvidas em triângulos amorosos com Francisco Leitão e que, entretanto, desapareceram, foram assassinados e enterrados. As investigações prosseguem, no entanto, no sentido de localizar os corpos e determinar com exactidão as circunstâncias em que a morte de Tânia Ramos, 27 anos, Ivo Delgado, 22 anos, e Joana Correia, 16 anos, ocorreram.
Francisco Leitão, o único suspeito detido pela PJ, começou ontem a ser interrogado por um juiz no Tribunal de Torres Vedras e hoje vai ali regressar. À chegada tinha à sua espera uma população revoltada, que chegou a agredi-lo.
Namorado de Joana escapou
Durante a investigação iniciada em Março, na sequência de uma queixa apresentada pelos familiares de Joana na GNR, os inspectores da Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo (UNCT), que tem a seu cargo a investigação, coligiram provas que dão como certo o triplo homicídio, assim como o enterramento dos cadáveres.
Aparentemente, apurou o JN, o indivíduo teria, também, a intenção de matar Luís, o namorado de Joana. Só a pressão da Polícia Judiciária terá impedido que o sucateiro levasse a cabo os seus intentos, numa lógica de matar as jovens rivais das suas paixões homossexuais e, ao mesmo tempo, de apagar os testemunhos dos antigos namorados.
Durante os sucessivos homicídios terá havido sempre a preocupação de Francisco Leitão em ocultar os crimes. Para isso, já depois das mortes, transmitia aos familiares das vítimas a ideia de que aquelas estavam vivas, visitando--as com frequência e usando os seus telemóveis, que manteve na sua posse, para estabelecer um diálogo fictício, o que foi mais claro nos casos de Joana e de Ivo Delgado, como familiares e amigos contaram ao JN e a PJ confirmou.
No entanto, Francisco Leitão, logo no início das investigações, chegou a dar sinais de nervosismo e desespero. Vizinhos chegaram a dar conta de que pelo menos uma vez o INEM foi chamado para o levar ao hospital.
Aparentemente, segundo familiares de Joana adiantaram ao JN, Francisco chegou a tomar comprimidos em excesso, numa simulação de suicídio. Este incidente coincidiu com o aumento da pressão da PJ, que o considerou como suspeito desde o início da investigação.
Audi, copos e tabaco atraíam jovens desfavorecidos
"Ele costumava ir ao meu bairro buscar dois gajos", conta um dos muitos adolescentes desempregados da Areia Branca, localidade do concelho da Lourinhã onde o indivíduo que é suspeito da morte de três jovens da Região Oeste, Francisco Leitão, recrutava rapazes para lhe fazerem companhia.
Alberto, chamemos assim àquele adolescente, garante que nunca foi íntimo de Francisco Leitão e que nunca esteve em sua casa, mas admite que chegou a "apanhar boleia" dele. Numa ocasião, acompanhou-o a um bar de alterne. Francisco, que pagou os bilhetes, também ia acompanhado de uma mulher, conta Alberto, apesar de não se mostrar surpreendido com as notícias que lhe apontaram relacionamentos homossexuais.
Nos vídeos que Francisco colocou na Internet, Alberto reconhece vários rapazes da zona da Lourinhã. Pelo que conta, eram atraídos, sobretudo, pelas conversas e pelo Audi preto de Francisco Leitão, bem como pelos copos e tabaco que ele pagava. De resto, Alberto afirma que raramente viu Francisco Leitão com pessoas da mesma faixa etária. "Andava quase sempre com bacanos mais novos".
Mais rapazes, mas também raparigas. Uma delas seria Joana Correia, a jovem desaparecida a 3 de Março e que, para a Polícia Judiciária, foi assassinada por Francisco Leitão. Alberto conhecia-a e afirma que a viu duas vezes com Francisco. Uma delas foi numa festa, em Marteleira, na companhia de "outro bacano".»
in JN online, 22-7-2010
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