sexta-feira, 23 de julho de 2010

Triplo homicida da Carqueja: Polícia Judiciária investiga ligações a outros desaparecimentos


«A Polícia Judiciária (PJ) está a passar a pente fino todos os casos de desaparecidos, em particular na Região Oeste, na sequência do triplo homicídio de que é suspeito Francisco Leitão e que custou a vida a três jovens, soube o JN junto de fontes policiais.


Francisco Leitão, 42 anos, ficou, entretanto, em prisão preventiva, depois de ter sido ontem presente, pelo segundo dia consecutivo, ao Tribunal de Torres Vedras, recolhendo à prisão junto da Polícia Judiciária, em Lisboa, indiciado por três homicídios qualificados.

O receio da fuga e da repetição da actividade criminosa poderão ter sido as razões que fundamentaram a medida de coacção atribuída a Francisco Leitão, além da prova conseguida pelos inspectores da Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo (UNCT), que tem a seu cargo a investigação.

Em causa está o receio de que Francisco Leitão possa estar associado a outros desaparecimentos e a mais crimes, se bem que, até agora, não haja fundamentos de que tal possa ter acontecido, incidindo a investigação da PJ sobre os casos sobres os quais existem queixas nas várias estruturas policiais, designadamente a GNR e a PSP. A investigação da UNCT justifica-se também porque contra Francisco Leitão correm também processos de abusos sexuais sobre adolescentes. Da mesma forma, a Polícia poderá também estar a rever casos de cadáveres não identificados.

Esta nova vertente da investigação visa fazer a triagem quanto a um eventual padrão de actuação que possa estar associado a Francisco Leitão, tendo em conta a lógica dos crimes por ele alegadamente praticados.

E se bem que o arguido não tenha reconhecido os crimes, ontem, no interrogatório do juiz de instrução criminal em Torres Vedras, e tenha tido um discurso confuso e com falhas de memória, a verdade é que a PJ tem elementos que o associam directamente aos crimes.

Uma das provas, talvez das mais importantes, é a confirmação, por parte das operadoras, de que as mensagens de telemóvel alegadamente enviadas pelas vítimas a familiares não foram enviadas de Espanha e França como Francisco Leitão queria fazer crer mas sim da própria Região Oeste. As mensagens enganaram os familiares de Tânia Ramos, Ivo Delgado e Joana Silva, fazendo crer que estavam vivos e a trabalhar no estrangeiro, quando na verdade estariam já mortos.

As provas determinaram a prisão preventiva do arguido, não obstante os três cadáveres não terem sido encontrados. A possibilidade de os corpos terem sido comidos pelos porcos que Francisco Leitão tinha está afastada, segundo a PJ, mantendo-se, assim, a certeza de que as vítimas estão enterradas. As fontes garantiram também que já há segurança quanto à forma como as vítimas foram mortas, mas não revelaram pormenores.»


Texto in JN online, 23-7-2010


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