quinta-feira, 15 de julho de 2010

Caso guarda-redes do Flamengo: "Assassinato de Eliza é só uma ponta de um icebergue"

«A amante do ex-guarda-redes do Flamengo pode ter sido morta por um grupo organizado de tráfico de droga liderado por antigos polícias




A morte de Eliza Samudio, 25 anos, desaparecida a 9 de Junho, "foi um homicídio", concluiu a brigada de homicídios da Polícia Civil do estado de Minas Gerais. Ontem o dia foi dedicado às buscas do corpo, que a polícia acredita estar cimentado no mesmo sítio onde terá ocorrido o crime, na casa de Vespasiano em Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais (MG).

O pai de Eliza, Luís Carlos Samudio, assegura que a morte da filha é "apenas uma ponta de um icebergue". E alerta : "Pode haver mais mortes." A polícia civil de MG confirma que "este crime" pode estar relacionado com o desaparecimento de dois indivíduos do sexo masculino de 30 anos em 2008. As investigações indicam "a mesma casa" e apontam para "condições idênticas". A denúncia do desaparecimento de 2008 foi feita o ano passado e desde então 45 pessoas já foram ouvidas. "Os dois homens continuam desaparecidos porque não há provas nem evidências." Porém, as semelhanças com o crime de Eliza Samudio motivaram a reabertura do inquérito, que tem como principal suspeito Marcos Aparecido dos Santos [Bola]. O ex-polícia também é, na óptica da brigada de homicídios, o "principal executor da morte de Eliza".

Luís Carlos Samudio assegura que a morte da filha está relacionada com "um grupo de extermínio e redes de tráfico de droga". A imprensa brasileira noticiou que o ex-guarda redes do Flamengo e o amigo de infância, Luís Henrique Romão [Macarrão], estariam envolvidos numa rede de tráfico de droga no RJ e em Minas. A jovem Eliza alegadamente "descobriu informações sobre a rede". E isso terá ocasionado o crime. Ao i, a Polícia Civil não confirma nem desmente essa relação, remetendo apenas para a investigação, que "ainda está em curso".

Até ao momento são conhecidos oficialmente oito suspeitos, que terão ajudado Bruno Fernandes a organizar o crime. Sete deles foram presos, incluindo a mulher do jogador, Dayanne Sousa. O adolescente de 17 anos, primo de Bruno Fernandes, é acusado de ter participado no homicídio, no sequestro e na ocultação do corpo. Foi ontem transferido, após determinação do juiz titular da Vara de Infância e Juventude de Contagem, para o Centro de Internação Provisória em MG, onde vai permanecer 45 dias. O adolescente denunciou o crime e tem "contribuído", nos depoimentos, com pistas sobre o paradeiro do corpo, mas a polícia alerta para o facto de já ter "alterado várias vezes o seu depoimento".

As acareações entre os arguidos "deveriam ter começado ontem", mas foram adiadas, porque a polícia está agora "concentrada em encontrar o corpo". Todos os suspeitos foram interrogados, excepto o homem que terá organizado o plano da morte de Eliza Samudio. O ex-guarda-redes do Flamengo, Bruno Fernandes, apenas será ouvido na presença do juiz e "por indicações do advogado ainda não deu qualquer declaração oficial", relata fonte da Polícia Civil de MG.

O chefe da brigada de homicídios, Edson Moreira, explicou ao i que "ainda não foi possível encontrar os restos mortais de Eliza porque ele - Bola - é especialista na ocultação de cadáveres". O ex-polícia, acusado de ter morto Eliza Samudio e em seguida "se ter desfeito do corpo", é dono de uma empresa de segurança especialista no treino de cães. Além disso, de acordo com a imprensa brasileira, actuava no Grupo de Respostas Especiais (GRE) - uma equipe de elite da Polícia Civil de MG, mesmo depois de ter sido excluído da corporação, em Maio de 1992. Luís Carlos Samudio diz que há "mais ex-polícias envolvidos no crime". O empresário começou na passada terça-feira a fazer circular um abaixo-assinado - "Basta de impunidade" - para que seja alterada a legislação sobre crimes hediondos. Caso se confirme que Bruno Fernandes foi responsável por mandar matar Eliza Samudio, o jogador poderá ser condenado a 30 anos de prisão, mas Samudio teme que a pena seja reduzida para menos de metade. O pai da vítima quer que futuros crimes de "sequestro e homicídio" tenham como pena máxima a prisão perpétua. "No caso do Bruno não vai ser possível, porque ele será julgado pela antiga lei, mas se a legislação for alterada os outros podem ser julgados. E a minha filha vai servir de mártir."»

in "i" online, 15-7-2010

Sem comentários:

Enviar um comentário