sexta-feira, 19 de junho de 2009

Aveiro: Roubos levam padres a tirar valores das suas igrejas

«"Vamos comprar tudo de novo, só que agora em plástico para não roubarem." António Carvalho que acumula as tarefas de sacristão e tesoureiro da paróquia de Espinhel, em Águeda, garante que "fala a sério".

O antigo emigrante em França fica "revoltado" ao lembrar a manhã do feriado do 10 de Junho quando deu com a secular Igreja Matriz "assaltada e vandalizada"."Deixaram uma cruz de prata esquecida no chão", diz. A "maior dor" é a perda da custódia "enorme e pesada", em prata, do princípio do século XIX. Cruzes em prata, lanternas (das procissões), castiçais e outros objectos também "desapareceram" dos arrumos.

Na mesma noite, aconteceu o mesmo na Igreja da Piedade, a curta distância, de onde foi levada, entre outros objectos, uma imagem de Nossa Senhora em madeira, "obra de arte antiga e de valor afectivo", conta o Padre Júlio Granjeia, pároco de Espinhel.

Uma excepção porque a regra dos larápios, que começaram a actuar com maior frequência no início de Maio passado, contabilizando quase duas dezenas de furtos, é procurar material para derreter". Cobre, prata e ouro que banham as peças de utilização nos cultos.


Em Valongo do Vouga e Macinhata do Vouga, o pároco local também tomou medidas. "Acabámos com as caixas de esmola que pareciam atrair essa gente", conta o padre João Paulo.


Das 40 capelas e igrejas que tem na sua área "só uma ou outra" escaparam aos ladrões e "algumas foram assaltadas mais do que uma vez".

A irmandade da capela de Nossa Senhora da Conceição, em Arrancada do Vouga, levou a sério "o primeiro aviso". "Tratámos de resguardar o que lá estava de valor", diz, sem adiantar pormenores, Luís Armando.

Um exemplo que não é comum. "Ninguém quer assumir pessoalmente essa responsabilidade, nem eu nem os paroquianos. São bens pertença de todos", explica o Padre João Paulo.

As 20 paróquias do Arciprestado de Águeda vão aproveitar as missas deste fim-de-semana para a recolha de assinaturas que farão parte de um abaixo-assinado a enviar ao Governo Civil de Aveiro a exigir mais policiamento.

Os padres relacionam os furtos com a alegada falta de efectivos nos postos da GNR do concelho (Arrancada do Vouga e Águeda). "Não há polícia suficiente", assume o padre João Paulo surpreendido ainda com "alguns requintes de malvadez" como o que sucedeu na Igreja de Macinhata do Vouga onde lhe deixaram "bilhetinhos e velas acesas". Na igreja de S.Pedro beberam o vinho da missa.»

in DN online, 19-6-2009

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