terça-feira, 23 de junho de 2009

Marc Lastavel, "Os Mosqueteiros": Arguido em silêncio sobre o despacho de acusação


«Presumível homicida do antigo presidente em Portugal do grupo "Os Mosqueteiros", António Figueira, assassinado a 31 de Agosto de 2008, indicou ao Tribunal de Leiria nada ter a dizer em relação ao despacho de acusação.
"Em relação ao que foi dito não tenho nada a dizer. Em contrapartida, desejo dizer outras coisas", declarou ao colectivo de juízes Marc Lastavel, após a leitura do despacho do Ministério Público, que o acusa de um crime de homicídio qualificado.

O arguido, cidadão francês de 52 anos, considerou o despacho "muito difícil de suportar" e solicitou ao Tribunal Judicial de Leiria para falar sobre a "forma do processo", que classificou de "atabalhoado", afirmando, por mais que uma vez, não possuir documentos constantes no processo traduzidos.

O pedido foi declinado pelo presidente do tribunal colectivo, João Guilherme Silva, sublinhando que a actual fase do processo era de "produção de prova" e remetendo a questão suscitada pelo acusado para o seu advogado.

"Fiz uma declaração na Polícia Judiciária, não sei se foi traduzida, já que não assinei qualquer documento, porque não estava traduzido em francês", insistiu Marc Lastavel, acrescentando que o acesso às mesmas e a outras que prestou permitiam que "tudo ficasse claro".

"Quero dizer que eram duas pessoas e não havia testemunhas", disse ainda Marc Lastavel.
Mudança de fechaduras causou irritação

Segundo o despacho de acusação, o arguido combinou no dia 30 de Agosto encontrar-se com o empresário António Figueira no apartamento que o dirigente de "Os Mosqueteiros" possuía na cidade de Leiria e que o suspeito ocupara até dois dias antes.

O MP sustenta que para o encontro o empresário, que era também proprietário dos supermercados Intermarché em Ourém, Leiria (Pousos e Marrazes) e Marinha Grande, fez-se acompanhar de outra pessoa, que acabou por se ausentar.

Na sequência de uma discussão sobre a fechadura do apartamento, o arguido, que foi administrador da loja Baobab, no Intermarché de Pousos até Abril de 2008, "envolveu-se em luta" com a vítima, de 41 anos, acabando por lhe amarrar os pulsos.
De seguida, foi buscar uma arma, com a qual disparou nas costas do empresário, cujo corpo escondeu debaixo de uma cama, acrescenta a acusação.

De acordo com o MP, o acusado deslocou-se ainda nessa noite a Ourém, a casa do empresário, casado e com duas filhas menores, saindo posteriormente do país.
Na sessão desta manhã, foi ainda ouvida a viúva do empresário António Figueira, Lurdes Paulino, que descreveu ao Tribunal a relação profissional entre vítima e arguido, e os contactos entre ambos que antecederam o homicídio.

"Ele mostrou-se bastante irritado por o meu marido ter mudado as fechaduras", relatou Lurdes Paulino, acrescentando saber do encontro na noite do crime e esclarecendo, depois, as diligências que efectuou para encontrar o marido no dia seguinte.
A empresária explicou ter ido duas vezes ao apartamento, que tinha as portas interiores fechadas, tendo depois ido buscar ferramentas para as abrir.

"Não se detectou nada de anormal", declarou Lurdes Paulino, que ao Tribunal falou ainda das imagens que visualizou das câmaras de vigilância do parque de estacionamento do Intermarché dos Pousos e da sua residência.

O julgamento prossegue durante a tarde.»
in JN online, 23-6-2009

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