«Ninguém pode assegurar que Adelaide não vai voltar a matar. Psicólogos alertam para o perigo da reincidência e acreditam que a mulher, que está novamente grávida, devia ter sido acompanhada após ter assassinado filho, a 15 de Fevereiro de 2008.
Adelaide estrangulou o recém-nascido e escondeu o corpo numa arca frigorífica, na sua casa em Vilar do Andorinho, Gaia. Desde esse dia teve apenas duas consultas com uma psicóloga. Foi-lhe marcada uma terceira, mas não apareceu. Leva uma vida normal e nunca mais procurou ajuda.
"O perigo de reincidência só deixa de existir se a mulher tiver um acompanhamento continuado. Quando isso não acontece, o risco de que volte a matar é grande", explicou ao CM o psicólogo Carlos Poiares.
Adelaide tem três filhos: uma menina de três anos e dois meninos com 8 e 15 anos. Em tribunal disse que as dificuldades financeiras não lhe permitiam ter um quarto filho. "Estávamos a passar por um período difícil. Passámos por dificuldades financeiras, não tínhamos dinheiro para ter outra criança", explicou.
Após o crime, os menores foram sinalizados pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ), mas continuaram à guarda da mãe. Durante seis meses foi exigido aos avós que estivessem por perto e atentos às crianças. Findo esse tempo, a Comissão considerou que os menores não corriam risco e o caso foi arquivado. "Durante seis meses, os avós estiveram na retaguarda e assegurou-se que as crianças não corriam perigo", explicou em tribunal um membro da CPCJ.
Adelaide está em liberdade, já que o crime pelo qual está a ser julgada – infanticídio – não prevê prisão preventiva. O legislador defende que o período de perturbação pós-parto atenua a culpa da mulher. A sentença está marcada para o dia 8 de Julho.
CONFESSOU QUE ESTRANGULOU BEBÉ
Seis dias depois de matar o filho, Adelaide, pressionada por uma amiga enfermeira, confessou o que tinha feito. Mais tarde ligou para a polícia e com uma frieza impressionante relatou que tinha estrangulado o bebé e escondido o cadáver numa arca frigorífica. Os bombeiros resgataram o corpo do menino.
CRIANÇAS PROTEGIDAS DO DRAMA
Adelaide tem três filhos: uma menina de três e dois meninos, um de oito e outro de 15 anos. Apenas o filho mais velho sabe que a mãe matou o irmão à nascença. As outras crianças, por atenção à sua idade, nunca perceberam o que aconteceu.
Margarida, ama da filha mais nova de Adelaide, diz que a mulher é uma mãe muito presente e carinhosa e que os meninos gostam muito dela. Na altura do crime ficou em choque e ainda hoje Margarida afirma que não sabe o que levou Adelaide a matar o bebé.
"Ela sempre teve uma boa relação com os filhos e continua a ter. Não são pessoas ricas, mas não passam dificuldades, não havia necessidade de ela fazer isto. Ainda hoje não consigo entender por que o fez", diz Margarida, assegurando que os irmãos sempre foram protegidos do drama que se abateu sobre a família.
Em tribunal, Adelaide alegou uma depressão para justificar o seu acto. "O meu pai tinha morrido há pouco tempo. Fiquei muito perturbada, não conseguia pensar no que estava a fazer", afirmou a mulher, que não explica o porquê de ter engravidado novamente.
"NINGUÉM SABIA DA GRAVIDEZ"
Os vizinhos ficaram incrédulos quando souberam que Adelaide estava novamente grávida. Tal como da última gravidez, a mulher tentou ao máximo esconder que ia ter novamente um filho. "Só quando lemos no jornal é que soubemos que ela estava grávida outra vez. Ninguém se apercebeu de nada, ela fez de tudo para esconder", contou ao CM Manuel Araújo, vizinho.
Em tribunal, Adelaide chegou mesmo a admitir que já quando esteve grávida da filha, agora com três anos, fez os possíveis para que ninguém se apercebesse. Manuel afirma ainda que, desde que a história do crime veio a público, Adelaide apenas sai de casa para trabalhar e que pouco ou nada fala com os vizinhos. »
in CM online, 28-6-2009
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