«Dois dias depois de contactar um advogado para tratar do divórcio, foi assassinada com seis facadas pelo marido, na Guarda. O Ministério Público acusa-o agora de ter morto Sandra após ter transformado a sua vida num inferno.
O homicídio, cometido na cozinha da residência onde o casal vivia com duas filhas menores, no centro da cidade, foi rápido e violento. Mas seria, segundo a acusação, o culminar de anos de violência (física e psicológica) conjugal. Marcelo Fernandes, de 37 anos, vigiava de tal maneira a mulher, Sandra, de 31 anos, que a tolhia com inumanas proibições. Impedi-a de gozar os seus direitos básicos de ser humano.
Se durante anos, segundo a acusação, sempre atormentou a vida da mulher, com mesquinhas e intoleráveis proibições, foi quando Sandra Fernandes, funcionária administrativa do Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho, procurou advogado para se divorciar é que Marcelo agiu com o objectivo de a matar.
Antes do homicídio, Marcelo, funcionário nas piscinas municipais da Guarda, terá congeminado uma prática de vida para impedir a mulher de gozar os seus direitos. Proibiu-a de ver os pais, a residir em Chaves, proibiu-a de conduzir os dois automóveis que possuíam, não a deixava usar cartão multibanco, destruiu-lhe roupa e agudizou-lhe o tormento assumindo manter viva uma relação extra-conjugal.
Assim, Marcelo foi boicotando a alegria de viver da mulher que, depois de passar a dormir noutro quarto, fez o que a fuga ao insuportável sugere: a 26 de Novembro do ano passado, desesperada, contactou um advogado para se divorciar. Dois dias depois, em vez dessa liberdade condicionada, foi assassinada.
Marcelo, acusado agora de exercer gradualmente assinaláveis formas de domínio (físico, psicológico e económico) sobre a mulher, deixa que esta deite as suas filhas (hoje com 4 e 8 anos) e, na cozinha, da casa onde viviam, no terceiro andar do número 28 da Rua Gago Coutinho, no centro da Guarda, cerca das 21 horas de uma noite gelada - a cidade cobria-se com um manto de neve - mata Sandra com seis facadas, na cabeça, no pescoço e no tórax.
As crianças, fruto de uma relação que durou 13 anos, ouviram os gritos lancinantes da mãe. Minutos depois, a Polícia apreendeu a faca de 22 centímetros utilizada no homicídio. Marcelo aguarda julgamento na cadeia e conhece desde há dias os crimes de que é acusado: um crime de violência doméstica e um crime de homicídio qualificado.»
in JN online, 29-6-2009
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