«Carlos P., de 54 anos, "solítário português" acusado de assaltar 26 bancos, começa esta terça-feira a ser julgado.
Utilizava o dinheiro para pagar dívidas, algumas com "chats" de encontros sexuais. Ao JN, diz-se injustiçado e não assume os crimes.
"Bom dia, isto é um assalto". Foi desta forma que no dia 18 de Agosto de 2004, Carlos P. realizou o primeiro assalto a um banco. Assim o indicia a acusação que lhe impõe a responsabilidade de 26 assaltos à mão armada, todos na região de Lisboa.
Desde esse dia até 21 de Janeiro de 2008, data em que lhe é imputada a responsabilidade do último ataque, Carlos P., terá logrado quase 28 mil euros, dinheiro que utilizava para pagar dívidas que tinha contraído com mensagens de valor acrescentado.
Em conversa com o JN, Carlos P. não assumiu a autoria dos crimes. Salientou que as imagens que a Polícia Judiciária divulgou não são claras e que se sente injustiçado na prisão.
"É natural que digam que sou eu por semelhança, mas será que existem mais imagens para mostrar?", questionou, revelando, do interior da prisão, a sua amargura por se encontrar longe da família, que encara a situação com consternação e dificuldades económicas.
"Sim, tinha dívidas, a minha mulher continua desempregada os meus filhos com trabalho precário e tenho a minha mãe a meu cargo. Estou aqui há 10 meses…", afirmou, para desabafar: "Será uma grande injustiça devolverem-me à liberdade?".
Estudava alvos ao pormenor
Segundo a acusação, através dos "chats", Carlos P. conhecia mulheres com as quais mantinha encontros de cariz sexual. O dinheiro que obtinha dos assaltos serviria então para cobrir as despesas desse teor, cujos 600 euros que auferia enquanto empregado de armazém não bastavam.
Para esses fins, trocava mensagens de valor acrescentado por telemóvel, usando um "nickname".
No entanto, esta tese é refutada pelo seu advogado, Brito Ventura: "Essa acusação é falsa e mesmo que fosse verdadeira, só diz respeito à intimidade do meu cliente", salientou, destacando ainda que sobre a autoria dos 26 assaltos existem dúvidas que quer ver dissipadas no julgamento.
"As provas indiciárias com que foi confrontado no dia da detenção, não indicam com certeza que ele seja a pessoa que cometeu todos os crimes de que está indiciado", salientou.
Antes de atacar uma dependência bancária, o arguido estudava ao pormenor as suas rotinas.
Usou sempre uma arma de fogo, 6.35 milímetros, que garantiu ter comprado há mais de 14 anos, desconhecendo que teria sido adaptada e por isso ilegal.
Ao longo de quatro anos, assaltou 15 dependências bancárias do Millenium BCP, nove do BPI - curiosamente o banco onde posteriormente realizava os depósitos em seu nome.»
in JN online, 16-6-2009
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